Militar Estadual, Centauro da Força Pública, Guerreiro nas Revoluções, Protetor Ambiental, Agente de Saúde, Policial Estadual e integrante da Lendária Brigada Militar do Estado Rio Grande do Sul - Este é o Brigadiano(a)- homens e mulheres a serviço da lei, da justiça, da ordem, do direito, do Povo Gaúcho e da Grande Nação Brasileira
terça-feira, 15 de novembro de 2011
ÁGUAS VASCULHADAS
BM fiscaliza com lancha - ZERO HORA 15/11/2011
A Brigada Militar lançou ontem à tarde uma nova modalidade de blitz em Porto Alegre. A bordo da lancha Baronesa do Gravataí, PMs do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM) inauguraram a Operação Arquipélago, ofensiva contra a criminalidade no Guaíba e no entorno de suas ilhas.
Um grupo de PMs percorreu os contornos da Capital à beira do Guaíba. O patrulhamento visa a inibir bandidos a usar as águas como rota de fuga para abigeato, furto, roubo e tráfico de drogas. A lancha, adquirida por R$ 372 mil por meio de verba federal, é considerada o veículo mais adequado para chegar a locais de difícil acesso e a banhados das ilhas da Pintada, dos Marinheiros, Mauá e Pavão.
As blitze serão semanais, sem data e horário definidos. Mas, diariamente, uma equipe de PMs vasculha o Guaíba para marcar a presença da BM nas águas. Ontem, a lancha com quatro PMs sob o comando do capitão Valdeci Rocha atracou na Ilha da Pintada, sob saudação de moradores.
Os PMs desembarcaram na ilha, dando apoio a colegas e a agentes de trânsito que organizaram uma barreira na Rua Capitão Coelho. O grupo fiscalizou documentos pessoais de motoristas e de veículos, com objetivo de tirar de circulação foragidos, carros roubados, drogas e armas.
SOLIDARIEDADE - BRIGADIANOS SALVAM FILHO E MULHER DE DEPUTADO ACIDENTADO
PERDA NA POLÍTICA. PM relata como socorreu família de deputado Chicão. Um dos três policiais que prestaram auxílio no acidente diz que a mulher ajudou a retirar parlamentar - ZERO HORA 15/11/2011
Os três policiais militares que ajudaram a socorrer a família do deputado José Francisco Gorski (PP), 54 anos, morto em acidente de carro na madrugada de domingo, vão prestar depoimento hoje, em Santiago. Os sargentos da Brigada Militar Oneide Damian Maciel, João Luiz de Oliveira Morais e Nivaldo Figueiró Lemes, que se dirigiam a Santa Maria para trabalhar na segurança da 68ª Romaria da Medianeira, avistaram o Linea já com um princípio de incêndio, atravessado na pista.
– Ele estava desacordado. A mulher estava fora do carro, tentando retirá-lo, do lado da porta do carona – disse ontem Maciel a ZH(leia mais ao lado).
Com base em perícias preliminares, a Polícia Civil acredita que era Luciane da Silva, 33 anos, mulher do deputado, que dirigia o veículo. O acidente ocorreu na rodovia Santiago-Santa Maria (BR-287), na região central do Estado, quando Chicão, a mulher e o filho de três anos do casal se deslocavam de São Pedro do Sul para Santiago.
Em comunicação de ocorrência da Polícia Rodoviária Federal e em registro da Polícia Civil, constou a informação de que o condutor do carro era o deputado. Mas a versão mudou assim que o perito médico-legista Elizeu Batista Garcia fez exames no corpo de Chicão e em Luciane, que permanece internada no Hospital de Caridade.
– O médico-legista constatou que a marca do cinto de segurança no deputado é do cinto do carona. A marca na esposa é do cinto do motorista. Para nós, encerra qualquer indagação contrária a isso – afirmou o delegado João Carlos Brum Vaz, da Delegacia de Delitos de Trânsito de Santiago.
A polícia trabalhou ontem no local em que o carro colidiu com as árvores em busca de vestígios e informações para esclarecer o acidente.
– Pelos vestígios, pelas condições da pista, que são ótimas, e pela ausência de frenagem antes de o carro sair fora da pista, a gente faz a suposição de que a pessoa deva ter dormido. Como vai se esclarecer isso? Só ela pode dizer para nós – explicou o delegado.
Outro esclarecimento com a conclusão de exames é se Luciane e o deputado haviam ingerido álcool. O depoimento dela ocorrerá após a recuperação. Ontem à noite, ela permanecia internada em condições estáveis. O filho do casal saiu ileso. Ontem, após cortejo em carro de bombeiros, o corpo do deputado foi enterrado no Cemitério Municipal de Santiago.
“Fizemos os procedimentos sem saber que era um deputado”. Oneide Damian Maciel, sargento da Brigada Militar
Com 28 anos de Brigada Militar, o sargento Oneide Damian Maciel, 48 anos, morador de Bossoroca, relatou ontem os momentos iniciais do resgate à família de José Francisco Gorski. Na companhia de dois colegas, em viagem de trabalho a Santa Maria, Maciel acionou as equipes de socorro e tentou reanimar o deputado no acostamento da rodovia. Confira a síntese da entrevista, concedida por telefone.
Zero Hora – O casal ainda estava no veículo quando vocês chegaram?
Oneide Damian Maciel – Não. Ele estava desacordado. A mulher (Luciane da Silva) já estava fora do carro, tentando retirá-lo, do lado da porta do carona. Descemos imediatamente com o extintor. Quase conseguimos apagar o fogo. Se tivéssemos um outro extintor, ou um mais potente, talvez tivéssemos conseguido. Um de nós se preocupou em retirar a criança (Marcelo Gorski Neto, de três anos) do carro, outro em tentar apagar as chamas e outro em reanimar aquela pessoa desmaiada. Liguei para os bombeiros e para a Polícia Rodoviária Federal.
ZH – Luciane conseguiu tirá-lo do veículo?
Maciel – Com o nosso auxílio, sim. Foi só desvencilhá-lo do cinto. A gente se preocupou em ver qual era a situação, se ela estava ferida. Ela estava bastante nervosa, dizia: “Ele não está me respondendo, ele não me responde, o que será que houve?”. Aí, fomos fazer a massagem cardíaca para reanimá-lo. Um pouco fui eu, outro pouco foi o sargento Figueiró.
ZH – Você percebeu algum sinal de reação no deputado neste momento?
Maciel – Ele reagiu, a pulsação voltou. Levemente, deu para notar que o batimento cardíaco reanimou. Seguimos fazendo os procedimentos básicos, mas ele não respondeu mais aos estímulos.
ZH – Quando vocês chegaram, a criança continuava no banco de trás do carro?
Maciel – Já estava meio solta, pelo impacto. Ela se desvencilhou do cinto. Retiramos de perto do carro por causa do fogo. Explodir não explodiu, mas queimou todo.
ZH – Você já tinha socorrido vítimas de um acidente?
Maciel – Há uns 15 anos, socorri pessoas de um acidente com morte. Já tinha passado por essa situação, mas nunca envolvendo um parlamentar.
ZH – O senhor não reconheceu o deputado na hora?
Maciel – Não. Esses procedimentos todos, fizemos sem saber que se tratava de um deputado. Depois tentamos identificar a pessoa. Ela disse: “Ele é o Francisco Gorski”. “O deputado Chicão?”, eu disse. A gente fica surpreso por se tratar de uma pessoa conhecida aqui da região, com bastante eleitores em Bossoroca. Frequentemente, ele estava por aí. Tinha pessoas bem amigas nossas que trabalhavam para ele.
domingo, 25 de setembro de 2011
BATALHÃO ÁEREO DA BM AMPLIA AÇÕES
CORREIO DO POVO, 25/09/2011
No mês em que completou 22 anos, o Batalhão de Aviação da Brigada Militar (BAv-BM) parte para mais uma empreitada. A unidade está se estruturando para abrir mais uma base no interior do Estado. O novo local ficará dentro da Base Aérea de Santa Maria e vem juntar-se às unidades de Caxias do Sul, Uruguaiana e da Capital. A nova unidade deve ser inaugurada até o final do ano e deverá incrementar as ações de segurança aérea, em especial durante a Copa 2014, quando Porto Alegre será um das cidades-sede. Atualmente, o BAv-BM dispõe de 11 aviões e quatro helicópteros.
A história do batalhão começa bem antes de sua efetiva criação. Em 6 de agosto de 1915, o então comandante-geral da BM, coronel Affonso Emílio Massot, propôs ao presidente do RS, Borges de Medeiros, a criação de uma escola de aviação. Medeiros não aceitou a ideia, alegando que o assunto era da alçada do Ministério da Guerra. Oito anos depois, o Estado enfrenta o movimento revolucionário de Assis Brasil, e Massot reapresenta o projeto, saindo vitorioso. Em 28 de maio de 1923 é regulamento o serviço de aviação da Brigada Militar.
A unidade começa a funcionar no Posto Veterinário, na Várzea do Gravataí, onde atualmente está localizado o Aeroporto Internacional Salgado Filho, no mesmo local onde, atualmente, está a sede do Batalhão de Aviação da BM. Foram adquiridos dois aviões de fabricação francesa, Breguets 14, de 300 HP, de segunda mão. "Era um tempo heroico, cujo voo era feito sem instrumentos, apenas no visual", diz o ex-comandante-geral da BM coronel da reserva Jerônimo Braga. "Essa unidade foi usada mais para guerra, cuja missão era observar o movimento das tropas revolucionárias."
Para pilotar os aviões foi contratado o ex-sargento do Exército Noêmio Ferraz, que hoje empresta o seu nome para a maior honraria do Batalhão de Aviação da BM. O copiloto era Osório Oliveira Antunes. Os aparelhos tiveram a identificação BM-1 e BM-2. Hoje, a designação dos aparelhos é Guapo, em homenagem a esses dois pioneiros.
O primeiro voo aconteceu em 30 de maio de 1923. Quatro meses depois, em 9 de agosto do mesmo ano ocorre um acidente fatal, onde morre Osório. O batalhão só volta a funcionar em 22 de setembro de 1989.
PMs têm treinamento no Litoral
Passados 88 anos do primeiro voo da Força Aérea Gaúcha, os policiais militares que querem integrar o BAv-BM passam por formação específica, no Centro de Formação Aeropolicial, em Capão da Canoa.
Segundo o capitão Marcos Marques Teixeira, um dos alunos do curso de Piloto de Helicóptero, a primeira etapa é o nivelamento teórico, realizado de março a junho. Depois, os aspirantes enfrentam prova na Agência Nacional de Aviação Civil e inspeção de saúde na Aeronáutica. Os 13 capitães participantes do curso iniciaram o período básico da prática de pilotagem. "Nesta fase, temos de cumprir o mínimo de 35 horas de voo para conseguirmos a habilitação de Piloto Privado. Após, passamos por novas provas na Anac e mais 135 horas de voo para podermos trabalhar como segundo piloto."
Quanto à pilotagem, Teixeira conta que exige muita coordenação motora e sensibilidade nos comandos, pois as reações são diferentes das de um carro. O tempo de resposta no helicóptero é mais demorado, fazendo com que o aluno que não conheça o aparelho empregue força desnecessária, o que pode deixar o voo instável. O vento, que, no Litoral Norte é forte, pode complicar o voo. "Atualmente iniciamos o treinamento de procedimentos de emergência", conta. "Poder controlar a máquina para qualquer direção dá uma sensação imensa de liberdade", concluiu.
sábado, 17 de setembro de 2011
A VOLTA DOS ABAS LARGAS II
A divulgação em Zero Hora (27/07/2011) do Projeto de restauração do raro longa-metragem Os Abas largas, uma produção Paulo Amaral, dono da Lupa Filmes com sede no Rio de Janeiro, rodado em 1962 em Santa Maria e Itaara, na fazenda Philipson, que teve o apoio total da Brigada Militar e envolveu pessoalmente o então Capitão Oriovaldo Vargas e Tenente Oritz, serviu para trazer a tona a importância dos brigadianos na vida da sociedade gaúcha.
A ideia da restauração estimulou a vontade deste blogueiro e autor de livros técnicos a buscar histórias destes legendários homens da Brigada Militar e colocá-las numa obra capaz de homenagear e honrar estes bravos que viveram uma época difícil, de transição, quando a corporação recém saia da fase guerreira para assumir tarefas de policiamento.
Conforme a reportagem, "desde 2004, Therezinha Pires Santos, a viúva do ator santa-mariense Edmundo Cardoso, e Gilda Cardoso Santos, filha dele, começaram a batalhar pela recuperação do filme. Hoje, a equipe pró-restauração de Os Abas Largas conta também com o comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), coronel Wladimir Comassetto, a especialista em museologia do Centro Histórico Coronel Pillar (CHCP), Giane Escobar, a coordenadora do arquivo do CHCP, Maria Candida Skrebsky, e a produtora do Santa Maria Vídeo e Cinema, Juliane Fossatti."
O mais importante desta iniciativa é que o longa faz 50 anos e o 1º RPMon completa 120 anos. O 1º RPMon é a unidade da Brigada Militar onde foi aplicada a estrutura de Policia Rural Montada no RS, adotando o uso de chapéus de abas largas e uniforme padrão da Polícia Montada do Canadá, com as cores cáqui da corporação.
OS ABAS LARGAS
" Ator e teatrólogo, Edmundo Cardoso (1917 – 2002) é conhecido dos santa-marienses graças a curtas e documentários sobre a cidade. Os Abas Largas é o único longa em que ele pode ser visto – se a restauração der certo. No filme, o ator comanda o grupo dos ladrões de gado que é perseguido pelos policiais. O papel de mocinha do filme ficou com Irene Kowalczyck, que adotou o sobrenome artístico Kowak. Ela morava em Porto Alegre e era a vencedora do concurso de Mais Bela Comerciária em 1961. Desbancou uma atriz carioca que já estava escalada quando um produtor viu sua foto e a achou parecida com Elizabeth Taylor. O mocinho da trama foi o galã Sérgio Roberto." Trabalhou no filme, o conhecido poeta tradicionalista Dimas Costas que fazia o papel de sargento.
O interessante é que o ator Sérgio Roberto que interpreta Florêncio (galã e o mocinho, era um dos policiais conhecidos como Abas Largas) mora em Porto Alegre e fez contato comigo. Conversamos animadamente no Café do Porto, ali na Rua Padre Chagas, um ponto chique da capital. Ele contou as histórias dos bastidores da filmagem e das pessoas envolvidas que ajudavam de forma voluntária, animando ainda mais a minha curiosidade.
As fotos desta postagem foram cedidas por ele.
Na foto abaixo, o Prefeito Loureiro da Silva, o ator Sérgio Roberto e o Produtor Paulo Amaral, da Lupa Filmes do Rio de Janeiro
terça-feira, 13 de setembro de 2011
PSICOLOGIA DE BRIGADIANO
Juremir Machado da Silva - CORREIO DO POVO, 13/09/2011
Os brigadianos andam queimando pneus em busca de salário melhor. Meu pai era brigadiano. Eu sempre quis entender a psicologia dos policiais, militares ou não, brasileiros. É uma profissão estranha. Ganha-se muito pouco para correr risco de vida em defesa da sociedade. Policial só tem deveres. Não pode fazer grave. Não pode fazer manifestações fardado. Por qualquer coisa, cadeia. Deve morrer por nós tendo como recompensa um salário miserável. Mesmo ganhando muito pouco, deve ser ético, responsável, bem-educado, sereno, boa gente e heroico. Nossa sociedade é hipócrita. Quer bons policiais, mas não quer gastar muito com eles. Policial é pago com impostos. A sociedade quer excelentes policiais e poucos impostos.
Se eu fosse brigadiano, pegaria cana todo mês. Faria greve e exigiria ganhar muito mais. Brigadianos só pagam o pato. Arriscam-se por nós e são vítimas de preconceito. Tem gente que sente medo de policial. Vê o policial como inimigo, o repressor. É assim com qualquer agente da lei. O sujeito que dirige falando ao telefone fica indignado quando recebe multa. Brigadiano, até pouco tempo, era chamado de "pé de porco". Policial civil era "rato". O machismo autorizava falar em "mulher de brigadiano", esposas que ficariam felizes em apanhar. Eu, se fosse brigadiano, queimaria muito pneu por aí. Exige-se que o policial não seja corrupto. Mas ninguém o recompensa por essa probidade posta à prova diariamente. Eu não me arriscaria a morrer por quem quer que seja por menos de R$ 1 mil mensais. Minha vida custa um pouco mais. Uau!
Vereadores, deputados, juízes, promotores públicos, médicos, todo mundo ganha mais do que policial e professor. Por quê? Mera questão de quantidade. A sociedade precisa de mais professores e policiais. Logo, logicamente, eles devem ganhar menos. Eis o paradoxo que ninguém enfrenta. Sonhamos com uma tropa submissa e corajosa, que morra por nós sem pedir aumento. Um vereador não pega sol ou chuva na rua, salvo quando esquece o guarda-chuva ou vai à praia faltando a uma sessão no parlamento. Policiais e professores funcionam como pilares sociais. Quem os valoriza por tudo o que fazem? São obrigados a fazer cumprir leis esdrúxulas aprovadas por legisladores que ganham muito mais e ainda se corrompem. Morrem no campo de batalha do cotidiano. Ninguém dá bola. Faz parte da profissão. Problema deles. Policial é como poste. Ninguém cumprimenta nem afaga.
Todo vereador, deputado e senador deveria ser obrigado a ser policial e professor por uma semana. Aí, eles veriam o que é bom para a tosse. Iam se urinar de medo. A maioria aceitaria um trocado para arredondar o final de mês. Uma parte daria no pé 1 hora depois. Ser policial é padecer no inferno e ainda bater continência. Queimar pneu é pouco diante da péssima remuneração. Eu sempre me pergunto: por que alguém quer ser policial? Mais duro do que isso, só professor. O sujeito faz uma licenciatura, paga caro e vai ganhar R$ 400 reais para educar filho malcriado dos outros. É mole? É pura dureza.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Continência longa para o jornalista Juremir Machado da Silva. É de lamentar que só quem vive o ambiente brigadiano reconhece a história, a natureza, o sacrifício e a grandeza da profissão brigadiana e da servidão militar.
Os brigadianos andam queimando pneus em busca de salário melhor. Meu pai era brigadiano. Eu sempre quis entender a psicologia dos policiais, militares ou não, brasileiros. É uma profissão estranha. Ganha-se muito pouco para correr risco de vida em defesa da sociedade. Policial só tem deveres. Não pode fazer grave. Não pode fazer manifestações fardado. Por qualquer coisa, cadeia. Deve morrer por nós tendo como recompensa um salário miserável. Mesmo ganhando muito pouco, deve ser ético, responsável, bem-educado, sereno, boa gente e heroico. Nossa sociedade é hipócrita. Quer bons policiais, mas não quer gastar muito com eles. Policial é pago com impostos. A sociedade quer excelentes policiais e poucos impostos.
Se eu fosse brigadiano, pegaria cana todo mês. Faria greve e exigiria ganhar muito mais. Brigadianos só pagam o pato. Arriscam-se por nós e são vítimas de preconceito. Tem gente que sente medo de policial. Vê o policial como inimigo, o repressor. É assim com qualquer agente da lei. O sujeito que dirige falando ao telefone fica indignado quando recebe multa. Brigadiano, até pouco tempo, era chamado de "pé de porco". Policial civil era "rato". O machismo autorizava falar em "mulher de brigadiano", esposas que ficariam felizes em apanhar. Eu, se fosse brigadiano, queimaria muito pneu por aí. Exige-se que o policial não seja corrupto. Mas ninguém o recompensa por essa probidade posta à prova diariamente. Eu não me arriscaria a morrer por quem quer que seja por menos de R$ 1 mil mensais. Minha vida custa um pouco mais. Uau!
Vereadores, deputados, juízes, promotores públicos, médicos, todo mundo ganha mais do que policial e professor. Por quê? Mera questão de quantidade. A sociedade precisa de mais professores e policiais. Logo, logicamente, eles devem ganhar menos. Eis o paradoxo que ninguém enfrenta. Sonhamos com uma tropa submissa e corajosa, que morra por nós sem pedir aumento. Um vereador não pega sol ou chuva na rua, salvo quando esquece o guarda-chuva ou vai à praia faltando a uma sessão no parlamento. Policiais e professores funcionam como pilares sociais. Quem os valoriza por tudo o que fazem? São obrigados a fazer cumprir leis esdrúxulas aprovadas por legisladores que ganham muito mais e ainda se corrompem. Morrem no campo de batalha do cotidiano. Ninguém dá bola. Faz parte da profissão. Problema deles. Policial é como poste. Ninguém cumprimenta nem afaga.
Todo vereador, deputado e senador deveria ser obrigado a ser policial e professor por uma semana. Aí, eles veriam o que é bom para a tosse. Iam se urinar de medo. A maioria aceitaria um trocado para arredondar o final de mês. Uma parte daria no pé 1 hora depois. Ser policial é padecer no inferno e ainda bater continência. Queimar pneu é pouco diante da péssima remuneração. Eu sempre me pergunto: por que alguém quer ser policial? Mais duro do que isso, só professor. O sujeito faz uma licenciatura, paga caro e vai ganhar R$ 400 reais para educar filho malcriado dos outros. É mole? É pura dureza.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Continência longa para o jornalista Juremir Machado da Silva. É de lamentar que só quem vive o ambiente brigadiano reconhece a história, a natureza, o sacrifício e a grandeza da profissão brigadiana e da servidão militar.
domingo, 4 de setembro de 2011
A LEGALIDADE - BRIGADA MILITAR, PRIMEIRA GARANTIA ARMADA DAS LIBERDADES
A LEGALIDADE - FLÁVIO TAVARES, JORNALISTA E ESCRITOR - ZERO HORA 04/09/2011
Diferentes gerações me perguntam o mesmo nestes 50 anos do movimento com que o Rio Grande do Sul paralisou o golpe de Estado e, unido, impediu a entronização de uma ditadura em 1961: aquela mobilização popular poderia repetir-se hoje com o mesmo desprendimento e doação de ontem? Os mais moços, que não conheceram aqueles anos, indagam com ansiedade. Os mais velhos perguntam com cansaço, ofegantes pelo que ouvem ou veem agora. As perguntas me fizeram pensar, cotejar ou observar e me levaram a uma única resposta: não!
A mobilização do Movimento da Legalidade (assim, em maiúsculas) jamais poderia repetir-se. Primeiro, porque a Guerra Fria acabou e já não há uma direita fardada ou civil alimentada pelos Estados Unidos, pronta a romper a normalidade e a paz interna. Mas a razão fundamental é outra: os momentos históricos são únicos, forjados por grandes guias e comandantes que pregam o que fazem e fazem o que pregavam. Hoje, em meio aos escândalos e às mentiras, quem haveria assim na política em condições de mobilizar a sociedade?
Em 1961, tivemos Leonel Brizola, sua audácia e discernimento como governador. E, mais do que tudo, a confiança de não mentir, de ser impetuoso e contundente, mas nunca vingativo. Sua palavra franca e direta uniu civis e militares pela primeira e irrepetível vez. Quem temos hoje, além de hábeis catadores de votos?
Alguém já imaginou a multidão (sob ameaça de bombas) acorrendo, hoje, à Praça da Matriz como escudo humano para defender a pregação do governador, como em 1961? Nem os ocupantes de cargos de confiança do governo iriam!
A diferença estará no povo ou no governador??
Há 50 anos, o governador lançou sua palavra franca (nunca dúbia nem pedante) em defesa das liberdades ameaçadas e, assim, uniu até os adversários. Hoje, só com cargos ou propinas tipo “mensalão”... Naqueles anos, toda semana Brizola discorria em público sobre a situação do Estado e do país, alertava contra a espoliação do capital internacional – “as bombas de sucção, sugando a economia e os talentos” – ou insistia na necessidade de desenvolver tecnologias próprias. Dizia e agia. Os que vieram depois pouco fizeram e nada nos disseram. O governador Tarso Genro (de quem se esperava muito), dialogou sobre o que na aula inaugural da UFRGS de 2011? Sobre as maravilhas da Cannabis sativa!
As fábricas de sapatos ou de elevador se fecham ou se vão daqui, e vamos à Coreia pedir que venham de lá.
Em 1961, mobilizada pelo governador, a Brigada Militar foi a primeira garantia armada das liberdades da população. Sob frio e chuva, fuzil na mão, os brigadianos dormiam pouco, mas confiavam no governador, ombro a ombro com ele contra o despotismo. Exatos 50 anos depois, os soldados da Brigada – tratados como párias pelo poder – têm de rebelar-se para reivindicar salários e meios de lutar contra o crime.
Com remuneração digna e prestigiadas, as professoras organizaram as fichas dos voluntários civis nos comitês de resistência para a luta, em 1961. Hoje, têm de apelar a greves e pressões para serem ouvidas.
Definitivamente, o Movimento da Legalidade é irreproduzível!
sábado, 3 de setembro de 2011
BRIGADIANO REZANDO POR MELHORES SALÁRIOS
Este protesto "inusitado" em Farroupilha, em frente à estátua de Nossa Senhora de Caravaggio, orando por um milagre na sua folha salarial, é criativo e mais pacífico que os pneus queimados na rodovia, mas mostra uma foto que entristece todos nós que amamos e respeitamos a Brigada Militar.
Lembro da história do Padre que, precisando de recursos para a Igreja, vestiu com trapos a estátua de Santo Antônio e cobriu com um manto para ser tirado na hora da missa.
Um brigadiano que foi orar na Igreja, de curioso, foi olhar o que havia debaixo do manto. Muito sensibilizado com as vestes maltrapilhas do santo, não teve dúvidas. Vestiu o santo com a farda da Brigada. No dia da missa, o padre começou o sermão para pedir a atenção dos fiéis dizendo:
- A situação da nossa igreja está tão ruim, mas tão ruim...que o Santo Antônio.....(ao tirar o manto e olhar para o santo vestido com a farda da Brigada, não teve dúvidas e mudou o discurso)....teve que sentar praça na Brigada Militar.
Pois é...com os salários de hoje, coitado do Santo Antonio. É o pior salário policial do Brasil. Isto que o Rio Grande do Sul é um dos Estados mais ricos e considerado o mais politizado da federação.
O que está havendo com os políticos gaúchos? Estão fomentando a indisciplina, a quebra da hierarquia, o desrespeito e animosidade na tropa militar estadual.
Estão querendo a extinção da Brigada Militar?
domingo, 28 de agosto de 2011
DIÁLOGO DE UM BRIGADIANO
Albeni Carmo de Oliveira - http://www.guapos.com.br
Quando na calada da noite
O silêncio for cortado
Por um pisar compassado
De um ser que, com dedicação,
Zela por todo quarteirão
No rigor das madrugadas,
Talves essas pisadas
Te tragam recordação.
Quando ainda eras pequeno,
Quantas vezes qlguém aludiu:
- Olha, eu te dou para o titio
Se não aprenderes a lição.
Mas depois foste crescendo
E, aos poucos, entendendo
Qual era a minha missão,
Pois às vezes tu olhavas,
Quando o trânsito eu parava
Para te dar proteção.
Recordas de um certo dia,
Quando junto a um amigo
Expuseste tua vida ao perigo?
Chamei-te a atenção,
Tu não ficaste contente,
Pois eras um adolescente
E só queria diversão.
Até me achavas um chato
Que cortava o teu "barato"
Mas eu te dava proteção.
Mas hoje tudo mudou
Inclusive já tens filhos
Que também tem os seus "grilos"
Para dar-te preocupação.
Neste mundo diferente,
Com este progresso crescente
E esta louca agitação,
Tu só ficas sossegado,
Quando me vês ali postado
Para dar-te proteção!
Olha! Eu também envelheci,
Sofri críticas, fui louvado...
E assim como o Estado,
Passei por transformação.
Estou sempre a me atualizar,
Mas não deixei de lutar,
Em prol da justiça e da razão
Plantei minha bandeira,
E desde o litoral até a fronteira
Tu tens a proteção.
Eu também tenho família.
Filhos, esposa e um lar.
Por isso fico a pensar
Como tu, que és cidadão.
Nos rumos da humanidade,
No índice de criminalidade
Que assusta a população.
E assim a cada instante,
Eu me transformo em gigante
Para dar-te proteção!
Por isso quero pedir-te
Que me faças um favor:
- Ensina aos teus o valor
Sa minha árdua missão.
Pois nunca hei de esquecer
O juramento e o dever,
Que fizeram de mim um guardião
Da minha Pátria querida,
Pela qual prometi dar a vida
Para a tua proteção.
Quando na calada da noite
O silêncio for cortado
Por um pisar compassado
De um ser que, com dedicação,
Zela por todo quarteirão
No rigor das madrugadas,
Talves essas pisadas
Te tragam recordação.
Quando ainda eras pequeno,
Quantas vezes qlguém aludiu:
- Olha, eu te dou para o titio
Se não aprenderes a lição.
Mas depois foste crescendo
E, aos poucos, entendendo
Qual era a minha missão,
Pois às vezes tu olhavas,
Quando o trânsito eu parava
Para te dar proteção.
Recordas de um certo dia,
Quando junto a um amigo
Expuseste tua vida ao perigo?
Chamei-te a atenção,
Tu não ficaste contente,
Pois eras um adolescente
E só queria diversão.
Até me achavas um chato
Que cortava o teu "barato"
Mas eu te dava proteção.
Mas hoje tudo mudou
Inclusive já tens filhos
Que também tem os seus "grilos"
Para dar-te preocupação.
Neste mundo diferente,
Com este progresso crescente
E esta louca agitação,
Tu só ficas sossegado,
Quando me vês ali postado
Para dar-te proteção!
Olha! Eu também envelheci,
Sofri críticas, fui louvado...
E assim como o Estado,
Passei por transformação.
Estou sempre a me atualizar,
Mas não deixei de lutar,
Em prol da justiça e da razão
Plantei minha bandeira,
E desde o litoral até a fronteira
Tu tens a proteção.
Eu também tenho família.
Filhos, esposa e um lar.
Por isso fico a pensar
Como tu, que és cidadão.
Nos rumos da humanidade,
No índice de criminalidade
Que assusta a população.
E assim a cada instante,
Eu me transformo em gigante
Para dar-te proteção!
Por isso quero pedir-te
Que me faças um favor:
- Ensina aos teus o valor
Sa minha árdua missão.
Pois nunca hei de esquecer
O juramento e o dever,
Que fizeram de mim um guardião
Da minha Pátria querida,
Pela qual prometi dar a vida
Para a tua proteção.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
O GATE
GATE ::: Grupo de Ações Táticas Especiais da Brigada Militar do RS - 18/03/2009
Policias super treinados para arriscar a própria vida para salvar outras, abnegados, trabalham com o próprio medo conseguindo controlá-lo. Grupo formado para salvar a polícia militar quando está precisando de ajuda.
Trabalham quando há reféns ou quando é uma operação muito arriscada, exigindo muita técnica e experiência, dou meus parabéns para estes homens e tbm para a Brigada Militar, por proteger seu estado com policias treinados e aptos para fazer o serviço.
Vale a pena conferir esse vídeo e ver do que esses policias são capazes.
O PIOR SALÁRIO PM DO BRASIL NUM ESTADO PRÓSPERO
O RIO GRANDE DO SUL TEM ÓTIMOS INDICADORES SOCIAIS COMPARADOS COM OS DEMAIS ESTADOS, BAIXA TAXA DE DESEMPREGO E DE MORTALIDADE INFANTIL, MAS OS SALÁRIOS DOS POLICIAIS MILITARES NÃO ACOMPANHAM ESTES ÍNDICES. REDE RECORD.
FAMÍLIA BRIGADIANA
Reportagem desenvolvida para o programa "Quebra-Cabeça", tarefa de Grau B da disciplina de Telejornalismo III do curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS. 17/12/2008
Duração: 7 minutos e 25 segundos
Participaram desta reportagem Alessandra Riete, Cristiano Martins, Gustavo Alencastro, Luci Ani Gröschel, Natacha Souza, Pedro Bicca, Rafael Martins, Taís Hatzenberger, Tárlis Schneider, Théo Knetig.
Duração: 7 minutos e 25 segundos
Participaram desta reportagem Alessandra Riete, Cristiano Martins, Gustavo Alencastro, Luci Ani Gröschel, Natacha Souza, Pedro Bicca, Rafael Martins, Taís Hatzenberger, Tárlis Schneider, Théo Knetig.
LEGALIDADE 50 ANOS - RBS TV
Legalidade 50 anos - Programa 1 - RBS TV - 10/08/2011
Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renuncia ao cargo de Presidente, enquanto João Goulart, vice-presidente, está em visita à China. O Brasil vive momentos de instabilidade nunca vista. Os militares, que temem ver no Brasil um governo de esquerda impedem o vice-presidente de assumir o cargo como mandava a lei. Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, inicia um movimento de resistência, pregando a legalidade, ou seja, a posse de Jango. Brizola fala ao povo pela rádio e inicia o movimento denominado a Rede da Legalidade. Transmitidos a partir de um estúdio montado no porão do palácio, os programas da legalidade alcançavam ouvintes, até mesmo em outros estados.
Legalidade 50 anos - Programa 2 - RBS TV - 13/08/201
Após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentam impedir João Goulart de assumir a presidência do Brasil. Como os militares não cedem e Brizola também não, a situação fica grave. Brizola se entrichera no Palácio Piratini, em Porto Alegre, ele mobiliza a Brigada Militar e distribuiu armas para a população resistir. Paralelamente, era negociada uma solução política para evitar uma crise maior no Congresso Nacional. Em 2 de setembro é aprovada uma emenda constitucional, alterando o regime de governo para o parlamentarismo. Com os poderes de Jango limitados a de chefe de estado e não de governo, os militares aceitam a posse do cargo de Presidente da República. Em setembro, João Goulart retorna ao Brasil, tomando posse em 7 de setembro de 1961.
Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renuncia ao cargo de Presidente, enquanto João Goulart, vice-presidente, está em visita à China. O Brasil vive momentos de instabilidade nunca vista. Os militares, que temem ver no Brasil um governo de esquerda impedem o vice-presidente de assumir o cargo como mandava a lei. Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, inicia um movimento de resistência, pregando a legalidade, ou seja, a posse de Jango. Brizola fala ao povo pela rádio e inicia o movimento denominado a Rede da Legalidade. Transmitidos a partir de um estúdio montado no porão do palácio, os programas da legalidade alcançavam ouvintes, até mesmo em outros estados.
Legalidade 50 anos - Programa 2 - RBS TV - 13/08/201
Após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentam impedir João Goulart de assumir a presidência do Brasil. Como os militares não cedem e Brizola também não, a situação fica grave. Brizola se entrichera no Palácio Piratini, em Porto Alegre, ele mobiliza a Brigada Militar e distribuiu armas para a população resistir. Paralelamente, era negociada uma solução política para evitar uma crise maior no Congresso Nacional. Em 2 de setembro é aprovada uma emenda constitucional, alterando o regime de governo para o parlamentarismo. Com os poderes de Jango limitados a de chefe de estado e não de governo, os militares aceitam a posse do cargo de Presidente da República. Em setembro, João Goulart retorna ao Brasil, tomando posse em 7 de setembro de 1961.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
TRIGÊMEOS BRIGADIANOS
PM ganha presente triplo no aniversário. Sargento percebeu durante a ecografia que a mulher esperava trigêmeos - CORREIO DO POVO, PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 2011
O maior presente de aniversário. Assim o sargento da Brigada Militar Edgar Ricardo da Silva, 33 anos, classificou a chegada dos trigêmeos, Murilo, Vitor e Cássio. Casado com a soldado Rita de Cássia Duarte Gomes, 29, o casal já tinha um garoto, Lucas, 10 anos, fruto do primeiro casamento do sargento. Se a alegria foi triplicada com a chegada dos garotos, no dia 18 de maio, as mudanças de vida e as preocupações também foram multiplicadas por três.
Faltou, já no começo, enxoval suficiente, fraldas e leite em pó Nam, especial para recém-nascidos. Rita trocou a rotina do policiamento ostensivo pelas trocas de fraldas. A mão que antes manejava até uma arma de fogo, agora só acaricia.
Ricardo, como é conhecido no 9 BPM de Porto Alegre, onde atua no Pelotão de Operações Especiais (POE), lembra do dia em que levou a mulher para fazer uma ecografia. Em determinado momento, ele percebeu ter três bebês e não dois, como até então o casal pensava que era. "Falei para Rita que eram três, mas ela não acreditou", relembra. "O médico me disse para ficar quieto, senão eu seria retirado da sala", recorda o sargento, afirmando que só no final do exame veio a confirmação: são três.
Na primeira ecografia apareceram apenas duas crianças. O casal estava contente mas "meio apavorado", relata. "Não é fácil criar três bebês, com tudo o que acarreta", disse a soldado, que também trabalha no POE do 9 BPM. "Eu me preocupo muito até em função do nosso trabalho", afirma Rita. Os bebês nasceram com 1,9 kg (Murilo), 1,54 kg (Vitor) e 1,56 kg (Cássio).
A soldado pensa em ser transferida para o setor administrativo quando voltar à ativa. "O policiamento ostensivo toma muito tempo, além de ser perigoso. Agora eu tenho que pensar nessa grande família", diz. Os bebês já estão na fila para vagas na creche da Brigada Militar.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A NOSSA HOMENAGEM AOS PAIS E A TODAS AS FAMÍLIAS BRIGADIANAS.
REMEMORAÇÕES DE UM FILHO DE BRIGADIANO
REMEMORAÇÕES - PAULO SANT’ANA - ZERO HORA, 20 de agosto de 2011 | N° 16798
Estava recordando anteontem as várias formas que usei para arranjar dinheiro quando guri.
Vendia garrafas. Cruzava um ferro-velho de carroça pela minha casa, e eu passava nos cobres as garrafas que meu pai juntava.
Todo o dinheirinho que conseguia tinha a finalidade de comprar uma entrada para a matinê de domingo, no Cine Brasil, Avenida Bento Gonçalves, ou no Cine Miramar, na Avenida Aparício Borges.
E o resto era para comer doces. Quando sobrava algum, tinha eu acesso à maior delícia do mundo: uma lata de leite condensado marca Moça.
E abria a lata furando-a duas vezes, uma para chupar o leite, a outra para entrar o ar e manter o fluxo.
Outra maneira que eu arranjava para buscar trocados era a venda de ossos. Pegava um carrinho com pneus e subia o Morro da Polícia por onde hoje é uma rua muito populosa, a Volta da Cobra, que naquele tempo era uma estrada silvestre de indizível beleza natural.
O nome da estrada se devia a que, em determinada parte de seu trajeto, o que deve acontecer ainda hoje, nas imediações da Vila São José (Coreia), o percurso virava um verdadeiro zigue-zague, serpenteando as grandes árvores cheias de cipós.
Uma selva luxuriante, dentro de Porto Alegre.
Pois eu ia até lá para procurar esqueletos de mamíferos mortos, juntava os ossos e os vendia ao ferro-velho. No dia em que isso acontecia, eu mergulhava num festim de guloseimas.
Mas, para quem é ou foi brigadiano antigo, eu vou recordar um estratagema que os soldados usavam para driblar suas dificuldades financeiras: era o que eles chamavam de “touro”.
Consistia em adquirirem a crédito na “cantina” gêneros de toda espécie e revendê-los à vista no comércio estabelecido de armazéns, evidentemente que a preço de custoso deságio.
Vendo aquilo, descobri uma forma de arrumar dinheiro, eram os jeitos que eu, garotinho imberbe, bolava para arrumar recursos.
Comprava na conta de meu pai no quartel e revendia. Quando, no fim do mês, na data do pagamento do soldo, meu pai descobria, então eu sofria dolorosas surras de cinta dele.
Quando uma criança não ganha mesada, tem de ter muita imaginação para arrumar dinheiro.
Nunca me esqueço do dia em que fiz um “touro” para poder assistir ao badalado filme colorido Sansão e Dalila, com Victor Mature e Hedy Lamarr. Outra vez, foi para assistir ao épico Gunga Din, que ficou cravado para sempre em minha memória.
Assistir aos circos que vez por outra armavam suas lonas no Partenon e na Vila Santa Maria, no entanto, nunca me custou nada: eu tinha uma técnica muito esperta para “furar” os circos, sempre por baixo da lona estendida, sempre depois de já ter começado o espetáculo.
Dias de glória e de felicidade arteiras os da minha infância. Dias de folguedos, de brincadeiras, de aventuras.
Nem de leve me assaltava o espírito o medo do futuro, de como iria eu resolver o meu sustento, o que só agora sei o quanto foi sacrificado.
Mas é que a gente passa pela infância como se fosse por um sonho, como se ela não tivesse existido, tanta era a inocência e a pureza das nossas intenções.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Muito bom este texto. Como sou filho de brigadiano, lembra a minha infância, os bons momentos e as dificuldades. Porém peço escusas ao autor e aos tricolores pela ilustração com a camiseta do meu time - o Internacional de Porto Alegre, o Campeão de Tudo. É por invejar a torcida do tricolor em ter na sua torcida uma pessoa deste quilate - sábio, lutador e visionário.
LEGALIDADE - BRIGADA MAIS ÁGIL QUE O EXÉRCITO
LEGALIDADE. SE HOUVESSE CONFRONTO, A MAIORIA DESERTARIA - DIONE KUHN e NILSON MARIANO, ZERO HORA 24/08/2011
O III Exército não tinha um plano de segurança preventivo, traçado por escrito para fazer frente aos policiais do Estado que haviam tomado os pontos estratégicos do centro de Porto Alegre. Foi tudo de improviso e às pressas. O clima no quartel-general era de tensão. O chefe do Estado-Maior, general Antônio Carlos Muricy, não escondia sua irritação com o fato de a Brigada Militar ter sido mais ágil em relação ao Exército. Não bastasse isso, os discursos cada vez mais inflamados de Leonel Brizola começavam a interferir no emocional das tropas.
Pelo menos oito jovens oficiais e quatro sargentos tiveram de ser recolhidos para o 18º Regimento de Infantaria por manifestarem simpatia pelo governador. Diante da escassez de oficiais, coube a Nelcy Nazzari, 21 anos, cabo da Cia. do QG do III Exército, assumir o comando do 3º pelotão. O cabo Nazzari e os soldados tomaram três prédios na Rua Riachuelo, esquina com a General Portinho: o Instituto Imaculado Coração de Maria, à época um colégio de preparação de freiras, o terraço do edifício Itajubá – onde foram instaladas metralhadoras .50 – e uma oficina mecânica. Por estar numa região elevada, ficava fácil monitorar os passos da Brigada Militar.
As noviças do instituto foram transferidas para a sede de Gravataí, a fim de que parte do prédio ficasse à disposição do pelotão de Nazzari. Para o porão foram levadas armas, munições e mantimentos. Apesar da preocupação constante de um ataque, dentro da congregação o clima era amenizado graças à gentileza da diretora do instituto, Maria Imilda Giordani.
Todos os finais de tarde, após seu retiro espiritual, a madre superiora mandava uma irmã auxiliar distribuir ao grupo cesta com bolinhos salgados e pedaços de cuca. Até santinhos com a imagem da irmã Bárbara Maix, fundadora da congregação, chegaram às mãos dos soldados. No verso, uma mensagem: “Tenham fé! Nada vai acontecer de ruim. Rezo por vocês!”
Apesar de proibido, alguns soldados mantinham aparelhos de rádio escondidos para acompanhar as manifestações de Brizola. Não demorou para surgirem os primeiros sinais de insubordinação. Nazzari lembra que a certa altura passaram a ser frequentes entre os soldados perguntas como “o que estamos fazendo aqui”? e “quem realmente são nossos inimigos?
– Havia no 3º pelotão dois soldados cujos pais eram coronéis da Brigada Militar em Porto Alegre. Em caso de confronto, poderia acontecer que pai e filho, em lados opostos, fossem levados a atirar um contra o outro – observa Nazzari, hoje com 71 anos, advogado radicado há cinco décadas em São Paulo.
Além de o Exército estar em desvantagem em relação à Brigada, um dos fatores que pesaram na decisão do general José Machado Lopes de se aliar ao Movimento da Legalidade foi o fato de o moral da tropa indicar, por meio de uma pesquisa, que se tivessem de ir para o confronto a maioria desertaria ou passaria para o outro lado.
O dia 28 de agosto foi de alívio.
– Bastou um soldado nosso acenar uma toalha branca em direção às bases ‘inimigas’ para o pessoal da Brigada Militar sair de seus esconderijos, esfregando as mãos de alegria, indo ao nosso encontro para abraços e confraternização – lembra Nazzari.
O advogado ainda ficou de prontidão até o dia 9 de setembro, quando finalmente o Instituto Imaculado Coração de Maria foi desocupado pelo 3º pelotão. Dias depois, Nazzari mandou uma carta aos familiares que residiam no Interior:
“Hoje, com grande prazer, quero dar boas notícias minhas. Depois de passar 15 dias de grande expectativa, voltou a reinar a calma em Porto Alegre (...).”
O cabo que viu Cordeiro de Farias chegar
O ex-cabo Marcial Ribeiro (ao lado), hoje com 80 anos, é uma da raras testemunhas que viu na noite de 29 de agosto de 1961, por volta das 22h30min, o general Cordeiro de Farias aterrissar na Base Aérea de Canoas, com a missão de assumir o III Exército no lugar de Machado Lopes, àquela altura destituído do comando por ordem do ministro da Guerra, Odílio Denys, por ter se posicionado em defesa da Legalidade.
Machado Lopes já havia respondido à cúpula militar que prenderia o substituto tão logo pisasse em solo gaúcho. A permanência de Cordeiro de Farias foi rápida, sequer o jatinho Paris pôde sair da cabeceira da pista.
O general foi avisado pelo oficial de operações, tenente Stolzman, de que não poderia desembarcar sob pena de ser preso. Incumbido da tarefa de abastecer o avião, Marcial acompanhou o desenrolar da conversa, que durou poucos minutos.
A Base Aérea estava em rebelião, a hierarquia quebrada. No dia anterior, um grupo de sargentos e suboficiais sabotara os caças Gloster Meteor, impedindo que decolassem com o objetivo de calar Brizola.
– O tenente não deixou o general sair do avião. Sugeriu que ele desembarcasse no Aeroporto Salgado Filho, onde provavelmente seria preso pelas forças de Machado Lopes – conta Marcial, morador do município de Arroio Grande.
Cordeiro de Farias esperava ser recebido na Base Aérea por um oficial alinhado aos ministros militares, mas não havia ninguém. Retornou ao Rio de Janeiro logo depois de abastecido o avião.
No dia 7 de setembro, o da posse de Jango, soldados, cabos e sargentos comemoraram durante almoço a volta da normalidade. Dois meses depois, Marcial começou a ser perseguido por oficiais anti-legalistas. Foi abrigado a deixar a Base, pondo fim à carreira militar.
O III Exército não tinha um plano de segurança preventivo, traçado por escrito para fazer frente aos policiais do Estado que haviam tomado os pontos estratégicos do centro de Porto Alegre. Foi tudo de improviso e às pressas. O clima no quartel-general era de tensão. O chefe do Estado-Maior, general Antônio Carlos Muricy, não escondia sua irritação com o fato de a Brigada Militar ter sido mais ágil em relação ao Exército. Não bastasse isso, os discursos cada vez mais inflamados de Leonel Brizola começavam a interferir no emocional das tropas.
Pelo menos oito jovens oficiais e quatro sargentos tiveram de ser recolhidos para o 18º Regimento de Infantaria por manifestarem simpatia pelo governador. Diante da escassez de oficiais, coube a Nelcy Nazzari, 21 anos, cabo da Cia. do QG do III Exército, assumir o comando do 3º pelotão. O cabo Nazzari e os soldados tomaram três prédios na Rua Riachuelo, esquina com a General Portinho: o Instituto Imaculado Coração de Maria, à época um colégio de preparação de freiras, o terraço do edifício Itajubá – onde foram instaladas metralhadoras .50 – e uma oficina mecânica. Por estar numa região elevada, ficava fácil monitorar os passos da Brigada Militar.
As noviças do instituto foram transferidas para a sede de Gravataí, a fim de que parte do prédio ficasse à disposição do pelotão de Nazzari. Para o porão foram levadas armas, munições e mantimentos. Apesar da preocupação constante de um ataque, dentro da congregação o clima era amenizado graças à gentileza da diretora do instituto, Maria Imilda Giordani.
Todos os finais de tarde, após seu retiro espiritual, a madre superiora mandava uma irmã auxiliar distribuir ao grupo cesta com bolinhos salgados e pedaços de cuca. Até santinhos com a imagem da irmã Bárbara Maix, fundadora da congregação, chegaram às mãos dos soldados. No verso, uma mensagem: “Tenham fé! Nada vai acontecer de ruim. Rezo por vocês!”
Apesar de proibido, alguns soldados mantinham aparelhos de rádio escondidos para acompanhar as manifestações de Brizola. Não demorou para surgirem os primeiros sinais de insubordinação. Nazzari lembra que a certa altura passaram a ser frequentes entre os soldados perguntas como “o que estamos fazendo aqui”? e “quem realmente são nossos inimigos?
– Havia no 3º pelotão dois soldados cujos pais eram coronéis da Brigada Militar em Porto Alegre. Em caso de confronto, poderia acontecer que pai e filho, em lados opostos, fossem levados a atirar um contra o outro – observa Nazzari, hoje com 71 anos, advogado radicado há cinco décadas em São Paulo.
Além de o Exército estar em desvantagem em relação à Brigada, um dos fatores que pesaram na decisão do general José Machado Lopes de se aliar ao Movimento da Legalidade foi o fato de o moral da tropa indicar, por meio de uma pesquisa, que se tivessem de ir para o confronto a maioria desertaria ou passaria para o outro lado.
O dia 28 de agosto foi de alívio.
– Bastou um soldado nosso acenar uma toalha branca em direção às bases ‘inimigas’ para o pessoal da Brigada Militar sair de seus esconderijos, esfregando as mãos de alegria, indo ao nosso encontro para abraços e confraternização – lembra Nazzari.
O advogado ainda ficou de prontidão até o dia 9 de setembro, quando finalmente o Instituto Imaculado Coração de Maria foi desocupado pelo 3º pelotão. Dias depois, Nazzari mandou uma carta aos familiares que residiam no Interior:
“Hoje, com grande prazer, quero dar boas notícias minhas. Depois de passar 15 dias de grande expectativa, voltou a reinar a calma em Porto Alegre (...).”
O cabo que viu Cordeiro de Farias chegar
O ex-cabo Marcial Ribeiro (ao lado), hoje com 80 anos, é uma da raras testemunhas que viu na noite de 29 de agosto de 1961, por volta das 22h30min, o general Cordeiro de Farias aterrissar na Base Aérea de Canoas, com a missão de assumir o III Exército no lugar de Machado Lopes, àquela altura destituído do comando por ordem do ministro da Guerra, Odílio Denys, por ter se posicionado em defesa da Legalidade.
Machado Lopes já havia respondido à cúpula militar que prenderia o substituto tão logo pisasse em solo gaúcho. A permanência de Cordeiro de Farias foi rápida, sequer o jatinho Paris pôde sair da cabeceira da pista.
O general foi avisado pelo oficial de operações, tenente Stolzman, de que não poderia desembarcar sob pena de ser preso. Incumbido da tarefa de abastecer o avião, Marcial acompanhou o desenrolar da conversa, que durou poucos minutos.
A Base Aérea estava em rebelião, a hierarquia quebrada. No dia anterior, um grupo de sargentos e suboficiais sabotara os caças Gloster Meteor, impedindo que decolassem com o objetivo de calar Brizola.
– O tenente não deixou o general sair do avião. Sugeriu que ele desembarcasse no Aeroporto Salgado Filho, onde provavelmente seria preso pelas forças de Machado Lopes – conta Marcial, morador do município de Arroio Grande.
Cordeiro de Farias esperava ser recebido na Base Aérea por um oficial alinhado aos ministros militares, mas não havia ninguém. Retornou ao Rio de Janeiro logo depois de abastecido o avião.
No dia 7 de setembro, o da posse de Jango, soldados, cabos e sargentos comemoraram durante almoço a volta da normalidade. Dois meses depois, Marcial começou a ser perseguido por oficiais anti-legalistas. Foi abrigado a deixar a Base, pondo fim à carreira militar.
LEGALIDADE - BRIGADIANOS OCUPAM PONTOS ESTRATÉGICOS ANTES DO EXÉRCITO
LEGALIDADE. O GENERAL QUE FICOU SEM ESCOLHA - DIONE KUHN E NILSON MARIANO, ZERO HORA 24/08/2011
A épica manhã de 28 de agosto de 1961 entrou para a história como o Dia D da Campanha da Legalidade. O dia em que o comandante das forças do III Exército, José Machado Lopes, tomou a decisão de ir ao Palácio Piratini para também defender a posse de João Goulart na Presidência. No entanto, se pudesse, Machado Lopes não teria ido até lá, muito menos apertado a mão do governador Leonel Brizola, menos ainda ido à sacada do Piratini acenar para a população. Só foi porque não tinha escolha.
Aquela segunda-feira que selou a união dos gaúchos em defesa da Constituição, colocando na mesma trincheira soldados do Exército e policiais da Brigada Militar, só ocorreu porque Brizola foi mais rápido.
Jânio Quadros renunciou ao mandato de presidente numa sexta-feira pela manhã, 25 de agosto. Entre a noite daquele dia e a madrugada de sábado, a Brigada tomou os pontos estratégicos da cidade.
O primeiro deles, a Usina do Gasômetro, colocando barricadas de sacos de areia e despejando armas e munições no pátio da Usina. Na manhã do dia 26, Machado Lopes soube que a BM já havia se instalado no terraço do Piratini, na Catedral, em pontos estratégicos da Rua Duque de Caxias, na prefeitura e no Mercado Público. Tudo sob a justificativa de garantir a segurança do governador.
A Avenida Praia de Belas, região onde ficam o 1º e o 9º BPM, também estava bloqueada. Significava que se os tanques do Exército provenientes do regimento localizado no bairro Serraria – que já estavam a caminho – quisessem seguir adiante com a missão de proteger as cercanias do QG, no centro da Capital, teriam de transpor as barreiras impostas pela Brigada.
As horas foram passando, e Brizola deu a cartada final. Na madrugada do dia 27 deslocou brigadianos para a Ilha da Pintada com a missão de proteger o cristal transmissor da Rádio Guaíba. Os equipamentos da emissora àquela altura já haviam sido confiscados e se encontravam no porão do Piratini.
Com a Brigada em pontos estratégicos e uma emissora de rádio à disposição do governador para se comunicar com os gaúchos, não havia mais como Machado Lopes estancar aquele levante que se espalhava por todo o Estado a não ser radicalizando, partindo para um confronto direto com as forças civis e militares lideradas por Brizola.
Até que veio de Brasília o derradeiro recado do ministro da Guerra, Odílio Denys, ao comandante do III Exército: calar Brizola, pondo fim à “ação subversiva”. A ordem, enviada pelo general Orlando Geisel ao QG do III Exército na manhã do dia 28 de agosto, ia além:
“Empregue a Aeronáutica, realizando inclusive bombardeio, se necessário”.
Mas Machado Lopes já estava decidido de que lado ficaria. Em resposta, disparou:
“Cumpro ordens apenas dentro da Constituição vigente”.
Geisel retrucou, mas o general não se encontrava mais na sala de comunicações do QG:
“General Machado Lopes, onde esta ordem é inconstitucional?”
No final da manhã do dia 28, o general se dirigiu ao Piratini. Foi um ato de ousadia do comandante, que naquele momento quebrava a hierarquia militar. Mas a verdade é que Machado Lopes não tinha mais saída: ou transferia seu comando para o Interior, para algum general alinhado à cúpula militar – o que seria uma desmoralização, um ato de covardia – ou se posicionava pelo cumprimento da Constituição.
A épica manhã de 28 de agosto de 1961 entrou para a história como o Dia D da Campanha da Legalidade. O dia em que o comandante das forças do III Exército, José Machado Lopes, tomou a decisão de ir ao Palácio Piratini para também defender a posse de João Goulart na Presidência. No entanto, se pudesse, Machado Lopes não teria ido até lá, muito menos apertado a mão do governador Leonel Brizola, menos ainda ido à sacada do Piratini acenar para a população. Só foi porque não tinha escolha.
Aquela segunda-feira que selou a união dos gaúchos em defesa da Constituição, colocando na mesma trincheira soldados do Exército e policiais da Brigada Militar, só ocorreu porque Brizola foi mais rápido.
Jânio Quadros renunciou ao mandato de presidente numa sexta-feira pela manhã, 25 de agosto. Entre a noite daquele dia e a madrugada de sábado, a Brigada tomou os pontos estratégicos da cidade.
O primeiro deles, a Usina do Gasômetro, colocando barricadas de sacos de areia e despejando armas e munições no pátio da Usina. Na manhã do dia 26, Machado Lopes soube que a BM já havia se instalado no terraço do Piratini, na Catedral, em pontos estratégicos da Rua Duque de Caxias, na prefeitura e no Mercado Público. Tudo sob a justificativa de garantir a segurança do governador.
A Avenida Praia de Belas, região onde ficam o 1º e o 9º BPM, também estava bloqueada. Significava que se os tanques do Exército provenientes do regimento localizado no bairro Serraria – que já estavam a caminho – quisessem seguir adiante com a missão de proteger as cercanias do QG, no centro da Capital, teriam de transpor as barreiras impostas pela Brigada.
As horas foram passando, e Brizola deu a cartada final. Na madrugada do dia 27 deslocou brigadianos para a Ilha da Pintada com a missão de proteger o cristal transmissor da Rádio Guaíba. Os equipamentos da emissora àquela altura já haviam sido confiscados e se encontravam no porão do Piratini.
Com a Brigada em pontos estratégicos e uma emissora de rádio à disposição do governador para se comunicar com os gaúchos, não havia mais como Machado Lopes estancar aquele levante que se espalhava por todo o Estado a não ser radicalizando, partindo para um confronto direto com as forças civis e militares lideradas por Brizola.
Até que veio de Brasília o derradeiro recado do ministro da Guerra, Odílio Denys, ao comandante do III Exército: calar Brizola, pondo fim à “ação subversiva”. A ordem, enviada pelo general Orlando Geisel ao QG do III Exército na manhã do dia 28 de agosto, ia além:
“Empregue a Aeronáutica, realizando inclusive bombardeio, se necessário”.
Mas Machado Lopes já estava decidido de que lado ficaria. Em resposta, disparou:
“Cumpro ordens apenas dentro da Constituição vigente”.
Geisel retrucou, mas o general não se encontrava mais na sala de comunicações do QG:
“General Machado Lopes, onde esta ordem é inconstitucional?”
No final da manhã do dia 28, o general se dirigiu ao Piratini. Foi um ato de ousadia do comandante, que naquele momento quebrava a hierarquia militar. Mas a verdade é que Machado Lopes não tinha mais saída: ou transferia seu comando para o Interior, para algum general alinhado à cúpula militar – o que seria uma desmoralização, um ato de covardia – ou se posicionava pelo cumprimento da Constituição.
domingo, 21 de agosto de 2011
O TREM DA LEGALIDADE
LEGALIDADE - DIONE KUHN E NILSON MARIANO, ZERO HORA 21/08/2011
Sete veteranos que combateram no Trem da Legalidade se perfilam diante da estação ferroviária de Santiago, 50 anos depois, para relembrar uma façanha. Peito estufado, uma centelha no olhar pela missão cumprida, orgulham-se de ter pego em armas para defender a posse de João Goulart na Presidência da República. Mas eles também se reúnem junto aos trilhos desgastados pelo tempo, sob a inclemência do inverno gaúcho, para revelar uma verdade que ficou adormecida desde 1961: o comboio em que viajavam não chegou ao destino. Em uma série de reportagens que se inicia neste domingo e vai até quinta-feira, ZH fará revelações sobre o Movimento da Legalidade e revisará versões consagradas como fatos.
O Trem da Legalidade é um dos episódios que compõem a campanha liderada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, para garantir que João Goulart assumisse a Presidência a partir da renúncia de Jânio Quadros, ocorrida em 25 de agosto de 1961. No levante para fazer prevalecer a Constituição e derrubar o veto da cúpula militar a Goulart – o vice-presidente legitimamente eleito –, Brizola mobilizou a população, uma cadeia de rádios e tropas armadas. Evitou um golpe de Estado, o qual se consumaria três anos depois.
Parte dos soldados que ajudaram a triunfar a última insurreição gaúcha embarcou no Trem da Legalidade. Era o comboio oficial, patrocinado pelo Estado, e partiu de Santiago em 2 de setembro de 1961. Brizola sustentava que a composição fora até Ourinhos (SP), arrebanhando multidões numa jornada épica de 2,4 mil quilômetros – ida e volta. Isso foi repetido em livros, discursos e sites. Entrou nos anais do Congresso e na história como verdade.
Mas não foi bem assim que aconteceu. O mérito dos pracinhas do Trem da Legalidade é perpétuo: foram bravos e patriotas. No entanto, ele não concluiu o traçado previsto, sequer entrou na vizinha Santa Catarina. Ficou em Marcelino Ramos, o último ramal ferroviário rio-grandense, de onde retornou quando a situação política se normalizou. Se outra locomotiva seguiu adiante, foi de forma isolada, não teve relevância.
É certo que outras forças brizolistas penetraram em território catarinense, mas por via rodoviária, e chegaram a Lages, Araranguá e Criciúma. O Trem da Legalidade, não. Os próprios tripulantes esclarecem que a ordem era ir até Ourinhos (SP) ou, no mínimo, a Ponta Grossa (PR), mas a expedição terminou às margens do Rio Uruguai, a 696 quilômetros da gare de Santiago.
– Não fomos adiante – garante o ex-cabo Alceu Nicola, hoje com 70 anos e empresário.
ZH refez a rota do Trem da Legalidade, de Santiago a Ourinhos. O que os combatentes gaúchos informam é confirmado por ex-ferroviários, ex-prefeitos, políticos, jornalistas e moradores das cidades que abrigavam estações ferroviárias. Consultados, historiadores e professores universitários também não viram a composição sair do Rio Grande do Sul.
O comboio foi iniciativa do comandante da 1ª Divisão de Cavalaria do Exército, general Oromar Osório, de Santiago. O governador Brizola disponibilizou 11 trens – cada um dotado de locomotiva e vagões. Transportavam soldados (os testemunhos convergem para cerca de 400 homens), armas, metralhadoras e baterias antiaéreas. O objetivo era dominar a linha férrea Rio Grande do Sul-São Paulo, então a principal via da região.
A estratégia do Trem era dupla: proteger e avançar. Temia-se que o Estado fosse invadido por tropas federais que foram enviadas para Santa Catarina. Um comboio antilegalidade, mais poderoso que o gaúcho, procedia de São Paulo com “a tropa de elite do nosso Exército”, conforme divulgou A Gazeta, de Florianópolis.
Os dois comboios não se enfrentaram. Se tivesse rumado até Ourinhos, como o planejado, o Trem da Legalidade deveria atrair catarinenses, paranaenses e paulistas à causa. Veículo de guerra e de propaganda, também espalhava um simbolismo pelo apito das suas locomotivas: repetir a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas foi de trem até Itararé (SP) para depor o presidente Washington Luís. Ourinhos e Itararé são próximas.
Brizola comparava a incursão ao sul do país à manobra do general norte-americano George Patton, que durante a II Guerra Mundial varreu a Europa libertando nações dominadas por Hitler. É um exagero que se atribui ao líder trabalhista, morto em 2004, aos 82 anos. Os soldados do Trem da Legalidade não dispararam um só tiro. No entanto, pelo menos três morreram, devido a acidentes. Uma das vítimas foi um cozinheiro, cujo fogão que manejava explodiu no acampamento de Marcelino Ramos.
Ficamos em Marcelinho Ramos
Os refrões do Hino Nacional insuflavam coragem e patriotismo quando o cabo do Grupo de Artilharia a Cavalo (GAC) Alceu Pedro Nicola embarcou no Trem da Legalidade naquele setembro de 1961. Ao se despedir do povo na estação ferroviária de Santiago, acreditava que iria para o front.
O mosquetão e a pistola azeitados, Nicola, 20 anos, tentava disfarçar a emoção com a seriedade que o momento impunha. Sobrava destemor, mas admite que uma pontinha de receio lhe corroía em relação ao futuro. As ordens do comandante da 1ª Divisão de Cavalaria (DC), general Oromar Osório, eram claras: a tropa deveria marchar até Ourinhos pronta para tudo. A preocupação do pai, Atílio, e a aflição chorosa da mãe, dona Agrícola, ampliavam a gravidade.
– Era como se fôssemos para a guerra. Mas ficamos em Marcelino Ramos – lembra ele.
A mesma convicção bélica embalava os demais combatentes. O cabo Alfeu Corrêa, 25 anos, estava certo de que teria de puxar o gatilho contra outros brasileiros. Acomodado em um vagão de carga, martelava-lhe a determinação recebida:
– Só nos disseram que era para lutar contra o I Exército.
O sargento João Sady Brasil Colpo, à época com 29 anos, recorda os mimos que o Trem da Legalidade recebia nas estações pelo Rio Grande do Sul. Estudantes se aglomeravam, famílias ofereciam doces, roupas e cigarros – que todo soldado gostava de pitar –, mocinhas acenavam lenços coloridos.
– A recepção foi extraordinária, havia gente que chorava de emoção – conta João Sady.
O soldado Jorge Damian tinha apenas 18 anos, mas não se assustou. O cabo Alberto Guedes, 24 anos, era o armeiro: cuidava dos canhões, da bateria antiaérea e de 140 mosquetões. O sargento Wilmar Donini, 35 anos, coordenava as comunicações e gravou a advertência do comandante do trem, major Nilton Della Nina Quites:
– Guerra é guerra, velho!
O comboio não seguiu em bloco. Um dos trens ficou no 4º Regimento de Cavalaria, em Passo Fundo. Na viagem, o sargento Constantino Zaboetzki, 23 anos, sentiu falta do rádio Invictus pelo qual acompanhava os discursos de Brizola na Cadeia da Legalidade. Na locomotiva da ponta, um sargento podia ser visto por populares empunhando uma metralhadora de tripé.
Havia pelo menos um civil na tropa. Nilton da Silva Soares servia lanches e bebidas no Café Ponche Verde, em Santiago, quando apareceu um cliente apressado. Estranhando a ansiedade do freguês, um pracinha que antes se demorava nas conversas de balcão, perguntou o motivo da urgência.
– Mas tu não sabes?! Estourou uma guerra!
O garçom, então com 23 anos, não titubeou. Largou a bandeja com os copos, secou as mãos no avental, pegou o revólver em casa e se apresentou. O dono do Ponche Verde tentou dissuadi-lo. Em vão. Os pais rogaram que ficasse. Nada o demoveu.
– Seria uma covardia deixar os amigos brigarem solitos – diz.
O garçom viu dois desertores saltarem do trem, com medo da batalha. Ele permaneceu firme, até achou divertida a jornada. Um dos raros contratempos ocorreu em Santa Maria, quando a locomotiva resfolgou numa subida, pateou como um boi sem forças. A estratégia de jogar areia nos trilhos, para aumentar a aderência, garantiu a retomada da viagem.
– Sou o único voluntário civil – orgulha-se Nilton.
Antes de o Trem da Legalidade partir, a 1ª DC já enviava soldados ao Norte do Estado. Em 31 de agosto de 1961, aos 35 anos, o sargento Joaquim João Dória de Lemos embarcou de ônibus com sua mochila de combate. Ficou aquartelado em Passo Fundo, aguardando instruções, e de lá voltou. Como todos, não deu um tiro.
Passo Fundo recepcionou com foguetório
Nas estações por onde apitou, no trecho gaúcho entre Santiago e Marcelino Ramos, o Trem da Legalidade arrastou multidões e despejou a fumaça do civismo sobre as cidades. Em Passo Fundo, moradores esperaram os soldados com foguetório e bandinha, além de farta distribuição de chocolate e cigarros das marcas Elmo, Belmont.
O ferroviário Valentim Jesus Viana de Oliveira estava de folga, mas compareceu à estação passo-fundense para recepcionar os legalistas e ajudar no êxito da excursão. Nenhuma composição chegava, passava ou saía sem a autorização dos ferroviários. Eles estavam alertas sobretudo contra eventuais sabotadores.
– Mas tudo correu bem, foi uma coisa linda – diz Valentim, hoje com 82 anos.
Passo Fundo não apenas recepcionou, também engrossou o Trem da Legalidade. Valentim lembra que a Locomotiva 800, conduzida pelo maquinista Astério Pereira de Oliveira, arrancou chispas dos trilhos puxando vagões com militares. Foguista, Valentim cogitou ir junto, mas Astério já tinha quem abastecesse a fornalha com lenha e carvão.
Ferroviários como Valentim dedicaram-se à causa da Legalidade e, em 1964, se opuseram ao golpe de Estado que depôs João Goulart. Acautelavam-se especialmente contra os inimigos ocultos, os “bigorrilhos” do PTB, que usavam a máquina do partido para abocanhar mamatas. Foram perseguidos pela ditadura militar. O filho de Valentim, Jorge Antônio, passou em todas as etapas no concurso para maquinista da RFFSA, mas foi reprovado no quesito “sangue”: tinha o DNA de um conspirador.
– A luta que fizemos foi autêntica. Cumpri meus deveres para com os companheiros – conforta-se Valentim, que não abdicou de seus ideais.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
POLÍCIA EM DUAS RODAS
Brigada comemora aquisição de motos - LETÍCIA BARBIERI. Colaborou André Mags - ZERO HORA 19/08/2011
Chamou a atenção de testemunhas um PM que, de moto, embrenhou-se em direção a um Palio que abria fogo no Túnel da Conceição, na entrada da Capital, durante a fuga de um assalto, em 8 de agosto. Mais do que uma demonstração de coragem, a ação só foi possível graças às 100 motos que reforçam o policiamento da Capital – especialmente do Centro – desde o início do mês.
As motos Lander contam com motor 250 cilindradas e iluminação com lâmpadas de led. Cada uma custou R$ 18 mil. Com elas, os PMs andam entre a multidão, sobem e descem escadarias, acompanham motociclistas suspeitos e promovem suas próprias barreiras com motos substituindo cones e viaturas paradas. Perseguições a assaltantes e atendimento a acidentes poderão ser feitos em um tempo muito menor do que se os policiais seguissem de carro.
Das cem motos que foram adquiridas pelo Estado, 60 são para o 9º Batalhão de Polícia Militar, que cobre a região central de Porto Alegre, de ruas lotadas e tortuosas. Mais do que novas conduções, o comandante das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocams), capitão Ederson Trajano Costa, comemora a agilidade com que as ocorrências passaram a ser atendidas.
– Eu tenho 17 anos de serviço e é a primeira vez que vejo cem motos num lote só. É uma mão na roda para nós, um investimento em segurança. Os carros servem para dar encaminhamento da parte se alguém for preso ou socorrido, mas se não precisar levar ninguém, a moto é muito mais ágil – destaca o capitão.
Na região central de Porto Alegre, o número de motos para o policiamento triplicou. Antes, 21 motocicletas estavam à disposição do 9ºBPM. Agora, o número saltou para 60. O resultado é inusitado: hoje, há mais motos disponíveis do que policiais habilitados para dirigi-las. Soldados estão sendo recrutados para o treinamento.
– Não basta só ter a habilitação, é preciso a qualificação para o policiamento com o veículo de emergência – detalha o capitão.
Foram adquiridas pelo Estado 135 motos, além das cem que reforçam a Capital, 35 foram distribuídas para Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Gravataí, Viamão e Guaíba. Para o Interior, foram repassadas 34 motos usadas.
Guerreira de trilhas - RENATO GAVA, Editor da coluna Planeta Moto, no jornal Diário Gaúcho, e colaborador do caderno Sobre Rodas, em ZH
A motocicleta Lander 250cc é uma guerreira bem conhecida de quem gosta de fazer trilhas. Se fosse para patrulhamentos em estrada, seria um fiasco: ela pena para passar de 110 km/h. Mas, na cidade, tem tudo para causar estragos na criminalidade. Sobretudo a punguistas, classe que ataca grandes centros. As duas primeiras marchas do veículo da Yamaha são bem curtas, e o torque, em baixas rotações, a torna muito ágil. Sem dificuldade, supera escadas e buracos grandes desde que o piloto tenha o preparo devido. E consegue realizar, com desenvoltura, as curvas mais fechadas. Outra vantagem é o baixo custo de manutenção, sobretudo se comparado aos carros.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
A SINA DE SER BRIGADIANO
A entrar na Brigada Militar, a pessoa voluntária não vai só vestir uma farda bege bem passada, portar uma pistola ou revolver, dirigir uma viatura equipada, montar um alazão ou acomodar um bastão e algemas na cintura.
Ela vai envergar um passado de valorosos defensores de Porto Alegre, de guerreiros farroupilhas e de centauros da Guerra do Paraguai e das várias revoluções onde a Brigada Militar esteve envolvida devotando suor e sangue de suas tropas, misturados ao choro pela perda de vidas heróis e gritos de vitórias. Decisões tomadas no calor dos fatos colocavam os bravos brigadianos na linha de frente liderados por oficiais arrojados e formados na experiência dos combates contra a falta de ligação, insuficiência de recurso bélico, alimentação precária, atraso dos soldos e maior potencial do inimigo.
Esta mesma farda incorpora o espírito dos muita dedicação e empenho no cumprimento do dever daqueles que lutaram e morreram defendendo ideais de liberdade e legalidade que conduziram um líder caudilho ao palácio do Catete, transformando-o em Presidente da República e bloquearam um movimento golpista para tirar um presidente.
O aba-larga galopando pela pradaria atrás de abigeatários, o capacete do Pedro e Paulo e o bico de pato patrulhando as ruas, e a boina dos grupos especiais em operações de risco retratam mudanças, transições e estratégias que são atualizadas para aproximar a Brigada Militar do cidadão e levar segurança às comunidades das cidades e regiões gaúchas, sempre na vanguarda técnica.
Ao longo do tempo, a Brigada Militar se transformou, passando de guarda cívica para guerreira e de guerreira para polícia. Já esteve no exterior integrando forças da ONU, comandou uma força nacional na sua criação, administra presídios e realiza patrulha ambiental, além de outras atribuições. É uma corporação que jamais renegou qualquer missão, por mais difícil ou onde outras organizações falharam.
Homens e mulheres, voluntários em grande número concorrem todos os anos para se alistar nas fileiras da PM gaúcha, a única policia militar no Brasil que manteve o nome Brigada Militar durante o regime de exceção. Oficiais e Praças aguerridos e dedicados ao povo gaúcho formam uma massa de servidores públicos disciplinados e adestrados que se dedicam a patrulhar as ruas, os campos, as cidades e vilas deste torrão gaúcho, ostentam a farda, o orgulho e a tradição de uma corporação invicta em todos os embates que participou.
Infelizmente, chegaram a cegueira e tempos de abandono. Hoje, o brigadiano é vítima do descaso, do imediatismo partidário, do treinamento precário e da falta de reconhecimento numa profissão considerada uma das mais estressantes do mundo. Uma vítima que, diante da desvalorização salarial, é obrigada a engolir seu orgulho para vender seu tempo de folga e convívio familiar para outro empregador, muitas vezes de idoneidade suspeita, e assim poder alimentar e dar as mínimas condições de sobrevivência e educação para suas famílias.
Ninguém atenta ou se importa com os prejuízos à saúde, com a desmotivação laboral, com o cansaço durante do serviço, com o sono que insiste em adormecer o corpo e com estresse que podem levar um agente policial depressivo à intolerância, à truculência, ao erro, à imperícia e até a sua morte, a morte de um colega ou a morte de um “terceiro”. Para as autoridades políticas, o brigadiano é aquele personagem “a la Garcia” que basta dar ordens e os mínimos recursos que ele já vai cumprindo as tarefas sem contestar ou exigir condições de trabalho. Um dedicado servidor que tira dinheiro do bolso para comprar farda e equipamentos melhores, organizar a gestão, melhorar a técnica empregada e treinar sua perícia. Ainda enxergam o brigadiano como aquele guerreiro das revoluções do século passado que só precisava de uma arma e de um ideal para defender a voz política de seus governantes.
Só que todo este arcabouço de glórias, dedicação exclusiva e heroísmo, reconhecidos e valorizados pelos governantes do passado, nada pesa para os interesses das gerações políticas deste século. Os portadores da tradição gloriosa de uma corporação centenária e de tradição nada significam... politicamente.
Aqui no RS, pagam o pior do Brasil para um policial militar. O foco é imediatista e a política de segurança pública visa apenas o recurso da mobilidade – a viatura. Esquecem que toda tecnologia precisa de pessoas capacitadas, motivadas, adestradas e em plenas condições físicas, emocionais e psicológicas para fazer funcionar com proveito e eficácia. Esquecem o ser humano e profissional do agente policial, dando mais atenção à impessoalidade do atendimento de ocorrências e ações de contenção, em detrimento da necessidade preventiva, objetivo principal de uma polícia ostensiva. Assim, os mortais anjos da guarda, como num passe de mágica, sumiram do contato permanente com o cidadão, das ruas e dos campos onde preveniam os delitos. Sumiram o policial de quarteirão, os postos estratégicos e o postinho da comunidade.
A segurança pública, apesar de ser direito de maior necessidade do povo gaúcho e promessa política carimbada nas campanhas políticas, é apenas figuração numa realidade aonde o crime vem ousando pela crueldade, pela força, pelo poder político, pelo volume financeiro e pelo arsenal bélico que apresenta. O clamor popular diante da insegurança, terror e vidas inocentes não consegue ecoar nos palácios do Executivo, Judiciário e Legislativo. Nas ruas imperam o medo, a impotência, o desrespeito às leis, a desconfiança nas instituições e o descrédito na justiça.
É triste a sina de ser brigadiano e envergar a farda mística de uma corporação bicentenária de tantos serviços prestados à nação e ao povo gaúcho, com moral baixo e soldos aviltados num estado onde há desarmonia, privilégios, negligência e descaso nas questões de justiça e ordem pública, e onde se abandonam os agentes públicos do Executivo, não se aplicam as leis na plenitude, desrespeitam princípios e enfraquecem os instrumentos de coação, justiça e cidadania. Não é a toa que o crime e a violência estão tomando proporções jamais vistas diante de serviços incapacitados e dependentes da coragem e da dedicação samaritana de seus prestadores. E o pior, os tempos são outros. Agora a guerra é suja, sem honra ou glórias.
É com muito orgulho o fato de ser filho de um brigadiano aba-larga que criou sete filhos numa época de crises, mas de bons ventos de apoio, respeito e veneração.
“O serviço de polícia é nobilitante, por que sobre ele repousa a honra e o bem estar da família”. (BG 08/novembro de 1935 referente à Constituição de 29/06 que atribuía à BM o serviço de policiamento no RS)
quinta-feira, 28 de julho de 2011
A VOLTA DOS ABAS LARGAS
Projeto prevê restauração de raro longa-metragem filmado na região de Santa Maria nos anos 1960 - MARILICE DARONCO | SANTA MARIA, SEGUNDO CADERNO, ZERO HORA 27/07/2011
Verdadeiro mito do cinema da região de Santa Maria – pois não pode ser visto desde os anos 1960 –, o longa-metragem Os Abas Largas deve sair do limbo. O filme é uma produção carioca rodada em 1962 em Santa Maria e Itaara, então distrito santa-mariense. O presente do aniversário de 50 anos pode ser a restauração da única cópia em 35mm da produção que restou.
Um grupo diversificado luta pelo restauro há sete anos. Recentemente, um passo importante foi dado, estabelecendo contato com as herdeiras do filme, nos EUA – é que, sem autorização das filhas do diretor, Sanin Cherques, não é permitido mexer no material. Por isso, no ano passado, o filme não pôde ser restaurado pela Cinemateca Brasileira (SP), onde está a cópia.
Desde 2004, Therezinha Pires Santos, a viúva do ator santa-mariense Edmundo Cardoso, e Gilda Cardoso Santos, filha dele, começaram a batalhar pela recuperação do filme. Hoje, a equipe pró-restauração de Os Abas Largas conta também com o comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), coronel Wladimir Comassetto, a especialista em museologia do Centro Histórico Coronel Pillar (CHCP), Giane Escobar, a coordenadora do arquivo do CHCP, Maria Candida Skrebsky, e a produtora do Santa Maria Vídeo e Cinema, Juliane Fossatti.
– As herdeiras se mostraram dispostas a autorizar a restauração. Estamos esperando os documentos – afirma Therezinha.
Além dos 50 anos do longa, a Brigada Militar tem outro motivo especial para a restauração. Em 10 de novembro, o 1º RPMon completa 120 anos. Os Abas Largas teve roteiro inspirado no 1º Regimento de Polícia Rural Montada (1955 – 1974), com sede em Santa Maria e cujo efetivo usava chapéus de abas largas. Muitos policiais trabalharam como atores.
– O filme também é um documento histórico – aponta Maria Candida. – Naquela época, o governo do Estado queria propagandear seus costumes, seus valores e sua gente. Daí mostrar a Brigada Militar, com sua Polícia Rural Montada.
O coordenador de preservação da Cinemateca Brasileira, Millard Schisler, conta que a cópia foi levada para a instituição em 1989 pela extinta Lupa Filmes, de Cherques:
– A restauração é urgente. Há rolos de negativo de imagem que estão em bom estado, mas outros estão precários.
Assim que estiver com a autorização em mãos, a equipe pretende inscrever o projeto em editais públicos. São necessários cerca de R$ 100 mil para a restauração e R$ 80 mil para se fazer cópias em DVD, que serão distribuídas em escolas e instituições de Santa Maria.
Pouco se sabe de concreto sobre a trama, já que, há quase cinco décadas, o filme não é visto. A sinopse na Cinemateca Nacional diz apenas: “Exaltação da Brigada Militar, montada no Rio Grande do Sul”. Sabe-se que Os Abas Largas traz cenas de perseguição entre policiais e abigeatários. Depois que a quadrilha é presa, o longa termina com um desfile militar.
Fala-se que a trama reserva uma história de amor. Seria verdade? A partir da restauração, ela poderá ser recuperada.
Quem são os Abas Largas
Até hoje, o 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon) é conhecido como Regimento Aba Larga. Deve-se ao fato de ter surgido a partir do Regimento de Polícia Rural Montada (1955 – 1974), em uma época na qual o policiamento do interior do Estado ficava a cargo da Brigada Militar de Santa Maria. Em 1961, o grupo ganhou este nome e teve o efetivo e a zona de atuação diminuídos, com a criação de dois outros regimentos de polícia montada.
Santa Maria em cena
> Ator e teatrólogo, Edmundo Cardoso (1917 – 2002) é conhecido dos santa-marienses graças a curtas e documentários sobre a cidade. Os Abas Largas é o único longa em que ele pode ser visto – se a restauração der certo. No filme, o ator comanda o grupo dos ladrões de gado que é perseguido pelos policiais.
> “Meu pai era uma referência na comunidade, recebeu a produção durante as filmagens. Lembro de assistir a alguns testes. Muita gente na cidade queria participar. Ele fazia questão de fotografar tudo, por isso há tantos registros guardados”, diz Gilda May Cardoso Santos, filha de Edmundo com Edna May Cardoso, sua primeira mulher, que também fez parte do filme.
> Em uma época na qual, segundo os cartazes do filme, “os homens sabiam lutar e as mulheres sabiam amar”, o cinema era uma novidade para a comunidade local. A possibilidade de participar do projeto levou muitos interessados para a seleção de elenco, que foi feita no Clube Caixeiral.
> O papel de mocinha do filme ficou com Irene Kowalczyck, que adotou o sobrenome artístico Kowak. Ela morava em Porto Alegre e era a vencedora do concurso de Mais Bela Comerciária em 1961. Desbancou uma atriz carioca que já estava escalada quando um produtor viu sua foto e a achou parecida com Elizabeth Taylor. O mocinho da trama foi o galã Sérgio Roberto. Conheça os personagens:
- Sérgio Roberto: interpreta Florêncio (galã e o mocinho, era um dos policiais conhecidos como Abas Largas)
- Irene Kowak (Kowalczyck): Mercedes (a mocinha, namora o galã de Florêncio)
- Edmundo Cardoso: Ricardo (fazendeiro que liderava a quadrilha de abigeato)
- Dimas Costa: Nicácio (sargento)
- Edna May Cardoso: Cassinha (fazendeira)
- Jorge Karan: Caburé (um dos contrabandistas)
- João Teixeira Porto: Garcia (fazendeiro que comprava gado roubado)
- Agenor Peretti: Gastão (fazendeiro)
quarta-feira, 27 de julho de 2011
BRONZE NA QUINTA EDIÇÃO DOS JOGOS MUNDIAIS MILITARES
O capitão Claudio Goggia conquistou o bronze neste domingo no hipismo. Brasil termina em 1º nos Jogos Militares. Nina Lima/Photocamera - Da Redação esportes@band.com.br - 24/07/2011
País conquistou 114 medalhas, sendo 45 de ouro. Na última edição, em Hydebarad, Brasil tinha ganho apenas três medalhas no total.
Terminadas as competições da quinta edição dos Jogos Mundiais Militares, neste domingo, o Brasil ficou com a primeira posição no quadro de medalhas. O país-sede da competição conquistou 114, sendo 45 de ouro, 33 de prata e 36 de bronze. Na última edição, em Hydebarad, na Índia, o Brasil ganhou apenas três no total. Neste domingo foram conquistados o ouro no basquete masculino e no futebol feminino.
No Hipismo, mais um ouro, com Jefferson Sganolin no CCE (Curso Completo de Equitação). O país ainda foi prata no CCE em equipes e bronze com Claudio Goggia no Salto Individual. O triatlo trouxe mais quatro medalhas: prata nas equipes mistas, equipes masculinas e com Carla Moreno no feminino, além do bronze nas equipes femininas.
Em segundo ficou a China, com 99 medalhas (37 de ouro, 28 de prata e 34 de bronze); e completando o pódio a Itália, com 51 medalhas (14 de ouro, 13 de prata e 24 de bronze). Em quarto ficou a Polônia, com 43 medalhas (13 de ouro, 19 de prata e 11 de bronze) e a França em quinto, com 17 medalhas (11 de ouro, 3 de prata e 3 de bronze).
A próxima edição dos Jogos Mundiais Militares acontece em 2015, na cidade de Mungyeong, na Coreia do Sul.
Capitão com bronze - WANDERLEY SOARES, O SUL, 27/07/2011
Na 5 edição dos Jogos Mundiais Militares, evento que reuniu mais de 10 mil atletas, entre os dias 16 e 24 de julho, no Rio, o capitão Goggia, lotado no 1 Batalhão de Polícia Militar, de Porto Alegre, foi convocado a integrar a equipe brasileira de hipismo, sendo o único representante das PMs de todo o Brasil a competir na modalidade.
Por equipe, os brasileiros conquistaram medalha de ouro e, individualmente, Goggia obteve bronze.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Parabéns ao nosso Oficial campeão que se junta à galeria dos brigadianos que são convocados para competições de alta performance como as Olimpíadas e Mundiais específicos, trazendo prêmios, ótimas colocações e participação honrosas.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
UM BRIGADIANO VAI ENSINAR O BOPE A AGIR EM AMBIENTES SEM LUZ
CAVEIRAS NO ESCURO. Gaúcho ministra curso para o Bope. Sargento da BM ensinará tropa de elite carioca a agir em ambientes sem luz - VANESSA BELTRAME, ZERO HORA 06/07/2011
Para enfrentar uma média de 60% de ocorrências em “ambientes de baixa luminosidade”, é preciso que um policial saiba driblar o medo e calcular os passos que serão dados, literalmente, no escuro. Trata-se da da especialidade do sargento Marcio Brum Torbes, 46 anos, que embarca hoje com um convite para treinar policiais da tropa de elite mais famosa do país, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio de Janeiro.
Por três dias, os caveiras, como são conhecidos, aprenderão a intervir em locais escuros e confinados durante situações de risco, limitação que ocorre na maioria das ações, segundo dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Para isso, contarão com o auxílio de lanternas e equipamentos de visão noturna. Os alunos de Torbes são do Grupo de Resgate e Retomada (GRR), equipe tática do Bope que trabalha com situações envolvendo reféns.
– Não é comum o Bope trabalhar com lanternas e achamos bom que os operadores do batalhão aprendessem. O sargento Torbes é uma referência no assunto no país e é muito útil agregar esse tipo de informação – explica o sargento Carlos Melos, coordenador do GRR.
Oficial prepara livro sobre o tema
De experiências próprias e uma pesquisa intensa, surgiu a ideia de escrever um livro sobre as situações enfrentadas pelos policias em ambientes de baixa luminosidade. A partir de conversas com médicos e psiquiatras, o sargento sabe, antes de enfrentar o risco, como se dilata a pupila e o que passa na mente de um indivíduo acuado em local escuro. E, então, cria a tática para reagir de maneira correta.
– Se o suspeito estiver há mais de 15 minutos em um ambiente escuro e tiver os olhos ofuscados, não vai enxergar. É o tempo de eu me posicionar – conta Torbes.
Policial há mais de 25 anos, o sargento trabalha atualmente na 2ª Companhia do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar em Porto Alegre. O interesse pelas intervenções em baixa luminosidade começou há cerca de 12 anos, ao participar de um treinamento da equipe texana da Swat, o esquadrão de elite da polícia americana. Frente a uma técnica americana limitada para as necessidades tupiniquins, o sargento começou a estudar para avançar em uma tática própria:
– O que eu fiz foi adaptar os ensinamentos para a realidade do Brasil.
Torbes já ministrou este tipo de treinamento em outros Estados do país e em Portugal, onde ensinou suas técnicas à Guarda Nacional Republicana.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É mais um exemplo da capacidade operativa e da vontade individual que tem o brigadiano de se especializar. Vários integrantes da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul colocaram férias, licenças especiais e dinheiro do bolso para fazerem cursos no Exterior e depois aplicarem na prestação de serviços ao povo gaúcho. O único prêmio que conseguem, além da segurança que as técnicas promove, é o reconhecimento dos cidadão que salvam, dos companheiros que ensinam e das instituições que os convidam para instruir seus policiais.
Este exemplo do sargento Marcio Brum Torbes e de outros policiais que fizeram cursos no exterior com seus próprios recursos deveriam estimular o Estado a investir em cursos no Exterior para trazer de lá estratégias e técnicas que já passaram por experiências de sucesso e com resultados práticos nas questões de ordem pública.
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