domingo, 25 de março de 2012

HÁBIL NEGOCIADOR EM ASSALTO COM REFÉNS


Tensão na Capital. "Eles temiam serem mortos devido ao fato de terem baleado um PM", diz negociador sobre assalto à joalheria. Em entrevista, o capitão Rogério Araújo relata os momentos mais tensos da negociação - Francisco Amorim, ZERO HORA, 24/03/2012 | 17h12


A zona norte de Porto Alegre passou por momentos de tensão na manhã deste sábado. Por volta das 8h45min, quatro homens armados invadiram uma joalheria no bairro Navegantes, fazendo três pessoas reféns. Uma viatura da Brigada Militar que estava próxima chegou ao local e houve troca de tiros. Um policial foi baleado e levado para o hospital, mas não corre risco de morte. O capitão Rogério Araújo, do Batalhão de Operações Especiais (BOE) foi o responsável pelas negociações. Ele conta à reportagem os momentos mais tensos da negociação.

Zero Hora - No início, os assaltantes não queriam a presença do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e de negociadores do Batalhão de Operações Especiais, ao qual o grupo é vinculado. Como o senhor contornou à situação?

Rogério Araújo - É normal que os assaltantes façam exigências de todo o tipo no início das negociações. Estão nervosos e não sabem o que querem exatamente, pois não esperavam por aquilo, não planejavam aquele cenário. Por isso é preciso ter calma, mostrar que é melhor ter um negociador que possa realmente tomar decisões.

Zero Hora - Quais foram as exigências atendidas pela polícia? E a contrapartida dos assaltantes?

Rogério Araújo - Aqui estavam a imprensa, familiares e advogados dos presos, como queriam. Em contrapartida, para darmos os coletes que também eram solicitados por eles, exigimos a libertação de um dos reféns, de preferência a mulher. E fomos atendidos. Além desses pedidos, eles desejam ir para a Penitenciária Estadual de Charqueadas, o que acredito será atendido.

Zero Hora - A negociação de três horas e meia poderia ter sido mais curta?

Rogério Araújo - Não temos como prever quanto tempo vai durar uma negociação. Tudo fluiu bem, mas não se pode atropelar nada. Eles precisam saber que estamos querendo preservar a vida de todos, inclusive a deles. Eles temiam serem mortos devido ao fato de terem baleado um PM. Explicamos que ele estava bem e que tudo acabaria bem se o acordo fosse mantido.

Zero Hora - O fato de serem bandidos com antecedentes criminais e com passagens pelo sistema prisional ajudou no processo de libertação dos reféns?

Rogério Araújo - Sim. Quando é passional é o pior dos casos. Como eles já tinham experiência, depois que se acalmaram passaram a cooperar para que a ação terminasse bem.

Zero Hora - E houve algum revés, um momento mais tenso?

Rogério Araújo - Sim. Eles queriam que os coletes fossem entregues dentro do estabelecimento. Eu disse que isso não poderia acontecer, pois daria a eles uma supremacia maior. Além das armas, eles estariam ali dentro com coletes. Prometi que seriam entregues na porta, como realmente aconteceu.

Zero Hora - Como o senhor organizou a saída?

Rogério Araújo - Primeiro, eu pedi que saíssem os quatro assaltantes, um a um, se dirigindo para a parede do meu lado direito. Depois, eu pedi que saíssem os dois reféns. Orientei que fossem para o lado esquerdo. Deu tudo certo. Nenhum refém ou assaltante ferido.



Fim da ação. Criminosos se rendem e liberam reféns em tentativa de assalto a joalheria na Capital. Assaltantes pediram a aproximação da imprensa e coletes à prova de balas para se entregar - Francisco Amorim, ZERO HORA, 24/03/2012 | 12h12

Os quatro homens envolvidos em tentativa de assalto a uma joalheria na avenida Farrapos, em Porto Alegre, se renderam por volta das 12h. Eles pediram a aproximação de cinegrafistas e fotógrafos, além de coletes à prova de balas para se entregarem, depois de quase três horas de negociações com o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

Os assaltantes já haviam liberado uma das reféns, que seria funcionária da loja, por volta das 11h30min. Os homens e os reféns saíram um a um, vestindo os coletes à prova de balas cedidos pelo Gate.

De acordo com o diretor do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), Guilherme Wondracek, essa quadrilha é suspeita de ter atacado uma agência do banco Itaú esta semana. Dois dos envolvidos, Rodrigo Moraes Lopes e Mário Eusébio, seriam foragidos da polícia. Os outros dois assaltantes foram identificados como Itajuba Silva e Lúcio Mauro Lauro.

Por volta das 8h45min, os quatro homens, armados, invadiram a loja, fazendo três pessoas reféns. Uma viatura da Brigada Militar que estava próxima chegou ao local e houve troca de tiros. Um policial foi baleado e levado para o hospital, mas não corre risco de morte. O Gate foi chamado para comandar as negociações e o trânsito nas vias próximas foi interrompido durante a operação.

Equipes da Polícia Civil e guarnições da Brigada Militar fazem buscas em Porto Alegre a um quinto assaltante envolvido no ataque à joalheria De Conto, na avenida Farrapos, na manhã deste sábado. Ele teria sido um dos criminosos que atirou contra os PMs que atenderam a ocorrência.

Identificado pela polícia como Charles Leitão, ele foi o único criminoso a conseguir fugir durante a troca de tiros em um veículo. Conforme o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais, o suspeito tem antecedentes por roubo e estaria envolvido também no ataque à agência do Itaú, na Avenida Assis Brasil esta semana. Testemunhas o reconheceram como o homem que rondava a região durante toda a semana.

Levantamento do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) apontou que o grupo invadiu o local portando cinco pistolas e uma submetralhadora.

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