Agamenon Vladimir Silva
Acerca de 68 anos passados, a Revista Alvorada, órgão da Sociedade Acadêmica do Curso de Formação de Oficiais da Brigada Militar(dezembro de 1945), publicava inédito artigo de autoria do 2º Tenente Eugenio Nelson Ritzel. Alí era relatado que na qualidade de instrutor preocupava-se em bem definir os engenhos bélicos, cujo uso, funcionamento e efeitos, deveria dar conhecimento à tropa. Naquela época, a Brigada Militar adotara dois tipos de granadas de mão, onde no seu entender haviam controvérsias na sua classificação, e que eram de dois tipos: uma granada de mão ovóide, modelo francês de 1921 e uma granada de mão cilíndrica, de fabricação tchecoslovaca(Skoda),, tanto uma quanto a outra, ofensivas .
Ocorrer antes lembrar, que este tipo de artefato bélico já eram conhecidos a outros também de origem europeia, e que três esquadrões da BM, sob o comando do Major Antonio Mariante, em 9 de agosto de 1923, tinham desbaratado um grupo de revolucionários, chefiados por Francisco Vaz Ferreira( Chico Marinho) andavam assolando o litoral(Cidreira) do Estado. Do espólio recolhido após os combates foram recolhidos entre outros armamentos, seis granadas de mão, duas das quais não explosivas, que não foram identificadas,
Durante a Revolução de 1930 e também na de 1932, as forças da BM foram atacadas com granadas de mão de diversos tipos, nacionais (Paulista e Rossi) e também estrangeiras. Daí que o aumento da frequência de uso deste tipo de artefato(ofensivas e defensivas)no campo de batalha tornou-se imperativo esclarecer e instruir corretamente os infantes não só teórica mas na prática do lançamento e da eficácia deste tipo de armamento.
Na utilização da tropa da BM predominou sempre o espírito ofensivo, isto é, na guerra de movimento e na perseguição do adversário, que devido a isso, não se tem maiores informações sobre a utiliz ação de g ranadas de mão defensivas, próprias para defesa de uma posição intrincheirada. Preocupado em instruir e ensinar as precauções com as granadas de mão, e havendo os dois tipos ofensivos em carga, com rótulos de indesmontáveis, resolveu melhor estudar a sua desativação, posto que para retirar-se a carga, torna-la inerte, não bastava tão somente extrair o detonador, devia ser retirada a mecha(cordel de Bickford) e a cápsula, a partir daí não ofereceria mais perigo.
Assim foi o Tenente Ritzel prendeu uma granada de mão cilíndrica, ofensiva, modelo tchecolovaco(SKODA) 1921 em um torno-morsa, para desmontá-la, o que era terminantemente proibido visto ser muito perigosa essa operação, já que a granada de mão ofensiva já vinha montada e carregada de fábrica, pronta para o emprego imediato. O engenho foi serrado na linha de junção das duas calotas que compunham o envólucro, tendo a cautela de girá-la a medida que os dentes da serra fossem acusando terem alcançado a carga de trotil. A operação foi concluída com êxito, separando a duas calotas, revelando o todo o seu interior. O “mistério” da advertência sobre a impossibilidade da desmontagem era para resguardar o segredo da fabricação.
Já dizia o saudoso Coronel Juvêncio Maximiliano de Lemos, “que a História deve ser escrita depois de cinquenta anos dos acontecimentos”, que é o que agora faço, em reconhecimento daquele jovem tenente, que dessa forma cumpriu a finalidade a que se propusera, solitário, demonstrando coragem e competência, podendo, então, continuar no ensino agora, na técnica do lançamento da granada de mão cilíndrica ofensiva, modelo 1921, que tinha uma potencia explosiva de uma granada de artilharia 75mm Dorso.
O jovem Tenente Eugênio Nelson Ritzel que ao longo da sua permanência na BM levou para vida civil, a disciplina e a integridade moral com que fora forjado, sendo um exemplo de cidadão, político e administrador municipal, com quem tive o privilégio de servir e desfrutar da sua amizade.
Fontes consultadas:
Revista Alvorada, ano IV, dezembro de 1945.
Guia Para a Instrução Militar da Tropa – Maj. Ruy Santiago. Ed. 1944
Aplicações Militares – Cap.Mancio de Menezes (Bibl. De Cultura Militar ´Gr. De mão – Treinamento do Granadeiro. Ed. 1943
Manual do candidato a graduado – Cap. Waldyr Jansen de Mello – 18ªed. - 1956
Guia Para a Instrução Militar da Tropa – Maj. Ruy Santiago. Ed. 1944
Aplicações Militares – Cap.Mancio de Menezes (Bibl. De Cultura Militar ´Gr. De mão – Treinamento do Granadeiro. Ed. 1943
Manual do candidato a graduado – Cap. Waldyr Jansen de Mello – 18ªed. - 1956
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