LEGALIDADE. O GENERAL QUE FICOU SEM ESCOLHA - DIONE KUHN E NILSON MARIANO, ZERO HORA 24/08/2011
A épica manhã de 28 de agosto de 1961 entrou para a história como o Dia D da Campanha da Legalidade. O dia em que o comandante das forças do III Exército, José Machado Lopes, tomou a decisão de ir ao Palácio Piratini para também defender a posse de João Goulart na Presidência. No entanto, se pudesse, Machado Lopes não teria ido até lá, muito menos apertado a mão do governador Leonel Brizola, menos ainda ido à sacada do Piratini acenar para a população. Só foi porque não tinha escolha.
Aquela segunda-feira que selou a união dos gaúchos em defesa da Constituição, colocando na mesma trincheira soldados do Exército e policiais da Brigada Militar, só ocorreu porque Brizola foi mais rápido.
Jânio Quadros renunciou ao mandato de presidente numa sexta-feira pela manhã, 25 de agosto. Entre a noite daquele dia e a madrugada de sábado, a Brigada tomou os pontos estratégicos da cidade.
O primeiro deles, a Usina do Gasômetro, colocando barricadas de sacos de areia e despejando armas e munições no pátio da Usina. Na manhã do dia 26, Machado Lopes soube que a BM já havia se instalado no terraço do Piratini, na Catedral, em pontos estratégicos da Rua Duque de Caxias, na prefeitura e no Mercado Público. Tudo sob a justificativa de garantir a segurança do governador.
A Avenida Praia de Belas, região onde ficam o 1º e o 9º BPM, também estava bloqueada. Significava que se os tanques do Exército provenientes do regimento localizado no bairro Serraria – que já estavam a caminho – quisessem seguir adiante com a missão de proteger as cercanias do QG, no centro da Capital, teriam de transpor as barreiras impostas pela Brigada.
As horas foram passando, e Brizola deu a cartada final. Na madrugada do dia 27 deslocou brigadianos para a Ilha da Pintada com a missão de proteger o cristal transmissor da Rádio Guaíba. Os equipamentos da emissora àquela altura já haviam sido confiscados e se encontravam no porão do Piratini.
Com a Brigada em pontos estratégicos e uma emissora de rádio à disposição do governador para se comunicar com os gaúchos, não havia mais como Machado Lopes estancar aquele levante que se espalhava por todo o Estado a não ser radicalizando, partindo para um confronto direto com as forças civis e militares lideradas por Brizola.
Até que veio de Brasília o derradeiro recado do ministro da Guerra, Odílio Denys, ao comandante do III Exército: calar Brizola, pondo fim à “ação subversiva”. A ordem, enviada pelo general Orlando Geisel ao QG do III Exército na manhã do dia 28 de agosto, ia além:
“Empregue a Aeronáutica, realizando inclusive bombardeio, se necessário”.
Mas Machado Lopes já estava decidido de que lado ficaria. Em resposta, disparou:
“Cumpro ordens apenas dentro da Constituição vigente”.
Geisel retrucou, mas o general não se encontrava mais na sala de comunicações do QG:
“General Machado Lopes, onde esta ordem é inconstitucional?”
No final da manhã do dia 28, o general se dirigiu ao Piratini. Foi um ato de ousadia do comandante, que naquele momento quebrava a hierarquia militar. Mas a verdade é que Machado Lopes não tinha mais saída: ou transferia seu comando para o Interior, para algum general alinhado à cúpula militar – o que seria uma desmoralização, um ato de covardia – ou se posicionava pelo cumprimento da Constituição.
Militar Estadual, Centauro da Força Pública, Guerreiro nas Revoluções, Protetor Ambiental, Agente de Saúde, Policial Estadual e integrante da Lendária Brigada Militar do Estado Rio Grande do Sul - Este é o Brigadiano(a)- homens e mulheres a serviço da lei, da justiça, da ordem, do direito, do Povo Gaúcho e da Grande Nação Brasileira
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
domingo, 21 de agosto de 2011
O TREM DA LEGALIDADE

LEGALIDADE - DIONE KUHN E NILSON MARIANO, ZERO HORA 21/08/2011
Sete veteranos que combateram no Trem da Legalidade se perfilam diante da estação ferroviária de Santiago, 50 anos depois, para relembrar uma façanha. Peito estufado, uma centelha no olhar pela missão cumprida, orgulham-se de ter pego em armas para defender a posse de João Goulart na Presidência da República. Mas eles também se reúnem junto aos trilhos desgastados pelo tempo, sob a inclemência do inverno gaúcho, para revelar uma verdade que ficou adormecida desde 1961: o comboio em que viajavam não chegou ao destino. Em uma série de reportagens que se inicia neste domingo e vai até quinta-feira, ZH fará revelações sobre o Movimento da Legalidade e revisará versões consagradas como fatos.
O Trem da Legalidade é um dos episódios que compõem a campanha liderada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, para garantir que João Goulart assumisse a Presidência a partir da renúncia de Jânio Quadros, ocorrida em 25 de agosto de 1961. No levante para fazer prevalecer a Constituição e derrubar o veto da cúpula militar a Goulart – o vice-presidente legitimamente eleito –, Brizola mobilizou a população, uma cadeia de rádios e tropas armadas. Evitou um golpe de Estado, o qual se consumaria três anos depois.
Parte dos soldados que ajudaram a triunfar a última insurreição gaúcha embarcou no Trem da Legalidade. Era o comboio oficial, patrocinado pelo Estado, e partiu de Santiago em 2 de setembro de 1961. Brizola sustentava que a composição fora até Ourinhos (SP), arrebanhando multidões numa jornada épica de 2,4 mil quilômetros – ida e volta. Isso foi repetido em livros, discursos e sites. Entrou nos anais do Congresso e na história como verdade.
Mas não foi bem assim que aconteceu. O mérito dos pracinhas do Trem da Legalidade é perpétuo: foram bravos e patriotas. No entanto, ele não concluiu o traçado previsto, sequer entrou na vizinha Santa Catarina. Ficou em Marcelino Ramos, o último ramal ferroviário rio-grandense, de onde retornou quando a situação política se normalizou. Se outra locomotiva seguiu adiante, foi de forma isolada, não teve relevância.
É certo que outras forças brizolistas penetraram em território catarinense, mas por via rodoviária, e chegaram a Lages, Araranguá e Criciúma. O Trem da Legalidade, não. Os próprios tripulantes esclarecem que a ordem era ir até Ourinhos (SP) ou, no mínimo, a Ponta Grossa (PR), mas a expedição terminou às margens do Rio Uruguai, a 696 quilômetros da gare de Santiago.
– Não fomos adiante – garante o ex-cabo Alceu Nicola, hoje com 70 anos e empresário.
ZH refez a rota do Trem da Legalidade, de Santiago a Ourinhos. O que os combatentes gaúchos informam é confirmado por ex-ferroviários, ex-prefeitos, políticos, jornalistas e moradores das cidades que abrigavam estações ferroviárias. Consultados, historiadores e professores universitários também não viram a composição sair do Rio Grande do Sul.
O comboio foi iniciativa do comandante da 1ª Divisão de Cavalaria do Exército, general Oromar Osório, de Santiago. O governador Brizola disponibilizou 11 trens – cada um dotado de locomotiva e vagões. Transportavam soldados (os testemunhos convergem para cerca de 400 homens), armas, metralhadoras e baterias antiaéreas. O objetivo era dominar a linha férrea Rio Grande do Sul-São Paulo, então a principal via da região.
A estratégia do Trem era dupla: proteger e avançar. Temia-se que o Estado fosse invadido por tropas federais que foram enviadas para Santa Catarina. Um comboio antilegalidade, mais poderoso que o gaúcho, procedia de São Paulo com “a tropa de elite do nosso Exército”, conforme divulgou A Gazeta, de Florianópolis.
Os dois comboios não se enfrentaram. Se tivesse rumado até Ourinhos, como o planejado, o Trem da Legalidade deveria atrair catarinenses, paranaenses e paulistas à causa. Veículo de guerra e de propaganda, também espalhava um simbolismo pelo apito das suas locomotivas: repetir a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas foi de trem até Itararé (SP) para depor o presidente Washington Luís. Ourinhos e Itararé são próximas.
Brizola comparava a incursão ao sul do país à manobra do general norte-americano George Patton, que durante a II Guerra Mundial varreu a Europa libertando nações dominadas por Hitler. É um exagero que se atribui ao líder trabalhista, morto em 2004, aos 82 anos. Os soldados do Trem da Legalidade não dispararam um só tiro. No entanto, pelo menos três morreram, devido a acidentes. Uma das vítimas foi um cozinheiro, cujo fogão que manejava explodiu no acampamento de Marcelino Ramos.
Ficamos em Marcelinho Ramos
Os refrões do Hino Nacional insuflavam coragem e patriotismo quando o cabo do Grupo de Artilharia a Cavalo (GAC) Alceu Pedro Nicola embarcou no Trem da Legalidade naquele setembro de 1961. Ao se despedir do povo na estação ferroviária de Santiago, acreditava que iria para o front.
O mosquetão e a pistola azeitados, Nicola, 20 anos, tentava disfarçar a emoção com a seriedade que o momento impunha. Sobrava destemor, mas admite que uma pontinha de receio lhe corroía em relação ao futuro. As ordens do comandante da 1ª Divisão de Cavalaria (DC), general Oromar Osório, eram claras: a tropa deveria marchar até Ourinhos pronta para tudo. A preocupação do pai, Atílio, e a aflição chorosa da mãe, dona Agrícola, ampliavam a gravidade.
– Era como se fôssemos para a guerra. Mas ficamos em Marcelino Ramos – lembra ele.
A mesma convicção bélica embalava os demais combatentes. O cabo Alfeu Corrêa, 25 anos, estava certo de que teria de puxar o gatilho contra outros brasileiros. Acomodado em um vagão de carga, martelava-lhe a determinação recebida:
– Só nos disseram que era para lutar contra o I Exército.
O sargento João Sady Brasil Colpo, à época com 29 anos, recorda os mimos que o Trem da Legalidade recebia nas estações pelo Rio Grande do Sul. Estudantes se aglomeravam, famílias ofereciam doces, roupas e cigarros – que todo soldado gostava de pitar –, mocinhas acenavam lenços coloridos.
– A recepção foi extraordinária, havia gente que chorava de emoção – conta João Sady.
O soldado Jorge Damian tinha apenas 18 anos, mas não se assustou. O cabo Alberto Guedes, 24 anos, era o armeiro: cuidava dos canhões, da bateria antiaérea e de 140 mosquetões. O sargento Wilmar Donini, 35 anos, coordenava as comunicações e gravou a advertência do comandante do trem, major Nilton Della Nina Quites:
– Guerra é guerra, velho!
O comboio não seguiu em bloco. Um dos trens ficou no 4º Regimento de Cavalaria, em Passo Fundo. Na viagem, o sargento Constantino Zaboetzki, 23 anos, sentiu falta do rádio Invictus pelo qual acompanhava os discursos de Brizola na Cadeia da Legalidade. Na locomotiva da ponta, um sargento podia ser visto por populares empunhando uma metralhadora de tripé.
Havia pelo menos um civil na tropa. Nilton da Silva Soares servia lanches e bebidas no Café Ponche Verde, em Santiago, quando apareceu um cliente apressado. Estranhando a ansiedade do freguês, um pracinha que antes se demorava nas conversas de balcão, perguntou o motivo da urgência.
– Mas tu não sabes?! Estourou uma guerra!
O garçom, então com 23 anos, não titubeou. Largou a bandeja com os copos, secou as mãos no avental, pegou o revólver em casa e se apresentou. O dono do Ponche Verde tentou dissuadi-lo. Em vão. Os pais rogaram que ficasse. Nada o demoveu.
– Seria uma covardia deixar os amigos brigarem solitos – diz.
O garçom viu dois desertores saltarem do trem, com medo da batalha. Ele permaneceu firme, até achou divertida a jornada. Um dos raros contratempos ocorreu em Santa Maria, quando a locomotiva resfolgou numa subida, pateou como um boi sem forças. A estratégia de jogar areia nos trilhos, para aumentar a aderência, garantiu a retomada da viagem.
– Sou o único voluntário civil – orgulha-se Nilton.
Antes de o Trem da Legalidade partir, a 1ª DC já enviava soldados ao Norte do Estado. Em 31 de agosto de 1961, aos 35 anos, o sargento Joaquim João Dória de Lemos embarcou de ônibus com sua mochila de combate. Ficou aquartelado em Passo Fundo, aguardando instruções, e de lá voltou. Como todos, não deu um tiro.
Passo Fundo recepcionou com foguetório
Nas estações por onde apitou, no trecho gaúcho entre Santiago e Marcelino Ramos, o Trem da Legalidade arrastou multidões e despejou a fumaça do civismo sobre as cidades. Em Passo Fundo, moradores esperaram os soldados com foguetório e bandinha, além de farta distribuição de chocolate e cigarros das marcas Elmo, Belmont.
O ferroviário Valentim Jesus Viana de Oliveira estava de folga, mas compareceu à estação passo-fundense para recepcionar os legalistas e ajudar no êxito da excursão. Nenhuma composição chegava, passava ou saía sem a autorização dos ferroviários. Eles estavam alertas sobretudo contra eventuais sabotadores.
– Mas tudo correu bem, foi uma coisa linda – diz Valentim, hoje com 82 anos.
Passo Fundo não apenas recepcionou, também engrossou o Trem da Legalidade. Valentim lembra que a Locomotiva 800, conduzida pelo maquinista Astério Pereira de Oliveira, arrancou chispas dos trilhos puxando vagões com militares. Foguista, Valentim cogitou ir junto, mas Astério já tinha quem abastecesse a fornalha com lenha e carvão.
Ferroviários como Valentim dedicaram-se à causa da Legalidade e, em 1964, se opuseram ao golpe de Estado que depôs João Goulart. Acautelavam-se especialmente contra os inimigos ocultos, os “bigorrilhos” do PTB, que usavam a máquina do partido para abocanhar mamatas. Foram perseguidos pela ditadura militar. O filho de Valentim, Jorge Antônio, passou em todas as etapas no concurso para maquinista da RFFSA, mas foi reprovado no quesito “sangue”: tinha o DNA de um conspirador.
– A luta que fizemos foi autêntica. Cumpri meus deveres para com os companheiros – conforta-se Valentim, que não abdicou de seus ideais.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
POLÍCIA EM DUAS RODAS

Brigada comemora aquisição de motos - LETÍCIA BARBIERI. Colaborou André Mags - ZERO HORA 19/08/2011
Chamou a atenção de testemunhas um PM que, de moto, embrenhou-se em direção a um Palio que abria fogo no Túnel da Conceição, na entrada da Capital, durante a fuga de um assalto, em 8 de agosto. Mais do que uma demonstração de coragem, a ação só foi possível graças às 100 motos que reforçam o policiamento da Capital – especialmente do Centro – desde o início do mês.
As motos Lander contam com motor 250 cilindradas e iluminação com lâmpadas de led. Cada uma custou R$ 18 mil. Com elas, os PMs andam entre a multidão, sobem e descem escadarias, acompanham motociclistas suspeitos e promovem suas próprias barreiras com motos substituindo cones e viaturas paradas. Perseguições a assaltantes e atendimento a acidentes poderão ser feitos em um tempo muito menor do que se os policiais seguissem de carro.
Das cem motos que foram adquiridas pelo Estado, 60 são para o 9º Batalhão de Polícia Militar, que cobre a região central de Porto Alegre, de ruas lotadas e tortuosas. Mais do que novas conduções, o comandante das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocams), capitão Ederson Trajano Costa, comemora a agilidade com que as ocorrências passaram a ser atendidas.
– Eu tenho 17 anos de serviço e é a primeira vez que vejo cem motos num lote só. É uma mão na roda para nós, um investimento em segurança. Os carros servem para dar encaminhamento da parte se alguém for preso ou socorrido, mas se não precisar levar ninguém, a moto é muito mais ágil – destaca o capitão.
Na região central de Porto Alegre, o número de motos para o policiamento triplicou. Antes, 21 motocicletas estavam à disposição do 9ºBPM. Agora, o número saltou para 60. O resultado é inusitado: hoje, há mais motos disponíveis do que policiais habilitados para dirigi-las. Soldados estão sendo recrutados para o treinamento.
– Não basta só ter a habilitação, é preciso a qualificação para o policiamento com o veículo de emergência – detalha o capitão.
Foram adquiridas pelo Estado 135 motos, além das cem que reforçam a Capital, 35 foram distribuídas para Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Gravataí, Viamão e Guaíba. Para o Interior, foram repassadas 34 motos usadas.
Guerreira de trilhas - RENATO GAVA, Editor da coluna Planeta Moto, no jornal Diário Gaúcho, e colaborador do caderno Sobre Rodas, em ZH
A motocicleta Lander 250cc é uma guerreira bem conhecida de quem gosta de fazer trilhas. Se fosse para patrulhamentos em estrada, seria um fiasco: ela pena para passar de 110 km/h. Mas, na cidade, tem tudo para causar estragos na criminalidade. Sobretudo a punguistas, classe que ataca grandes centros. As duas primeiras marchas do veículo da Yamaha são bem curtas, e o torque, em baixas rotações, a torna muito ágil. Sem dificuldade, supera escadas e buracos grandes desde que o piloto tenha o preparo devido. E consegue realizar, com desenvoltura, as curvas mais fechadas. Outra vantagem é o baixo custo de manutenção, sobretudo se comparado aos carros.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011
A SINA DE SER BRIGADIANO


A entrar na Brigada Militar, a pessoa voluntária não vai só vestir uma farda bege bem passada, portar uma pistola ou revolver, dirigir uma viatura equipada, montar um alazão ou acomodar um bastão e algemas na cintura.
Ela vai envergar um passado de valorosos defensores de Porto Alegre, de guerreiros farroupilhas e de centauros da Guerra do Paraguai e das várias revoluções onde a Brigada Militar esteve envolvida devotando suor e sangue de suas tropas, misturados ao choro pela perda de vidas heróis e gritos de vitórias. Decisões tomadas no calor dos fatos colocavam os bravos brigadianos na linha de frente liderados por oficiais arrojados e formados na experiência dos combates contra a falta de ligação, insuficiência de recurso bélico, alimentação precária, atraso dos soldos e maior potencial do inimigo.
Esta mesma farda incorpora o espírito dos muita dedicação e empenho no cumprimento do dever daqueles que lutaram e morreram defendendo ideais de liberdade e legalidade que conduziram um líder caudilho ao palácio do Catete, transformando-o em Presidente da República e bloquearam um movimento golpista para tirar um presidente.
O aba-larga galopando pela pradaria atrás de abigeatários, o capacete do Pedro e Paulo e o bico de pato patrulhando as ruas, e a boina dos grupos especiais em operações de risco retratam mudanças, transições e estratégias que são atualizadas para aproximar a Brigada Militar do cidadão e levar segurança às comunidades das cidades e regiões gaúchas, sempre na vanguarda técnica.
Ao longo do tempo, a Brigada Militar se transformou, passando de guarda cívica para guerreira e de guerreira para polícia. Já esteve no exterior integrando forças da ONU, comandou uma força nacional na sua criação, administra presídios e realiza patrulha ambiental, além de outras atribuições. É uma corporação que jamais renegou qualquer missão, por mais difícil ou onde outras organizações falharam.
Homens e mulheres, voluntários em grande número concorrem todos os anos para se alistar nas fileiras da PM gaúcha, a única policia militar no Brasil que manteve o nome Brigada Militar durante o regime de exceção. Oficiais e Praças aguerridos e dedicados ao povo gaúcho formam uma massa de servidores públicos disciplinados e adestrados que se dedicam a patrulhar as ruas, os campos, as cidades e vilas deste torrão gaúcho, ostentam a farda, o orgulho e a tradição de uma corporação invicta em todos os embates que participou.
Infelizmente, chegaram a cegueira e tempos de abandono. Hoje, o brigadiano é vítima do descaso, do imediatismo partidário, do treinamento precário e da falta de reconhecimento numa profissão considerada uma das mais estressantes do mundo. Uma vítima que, diante da desvalorização salarial, é obrigada a engolir seu orgulho para vender seu tempo de folga e convívio familiar para outro empregador, muitas vezes de idoneidade suspeita, e assim poder alimentar e dar as mínimas condições de sobrevivência e educação para suas famílias.
Ninguém atenta ou se importa com os prejuízos à saúde, com a desmotivação laboral, com o cansaço durante do serviço, com o sono que insiste em adormecer o corpo e com estresse que podem levar um agente policial depressivo à intolerância, à truculência, ao erro, à imperícia e até a sua morte, a morte de um colega ou a morte de um “terceiro”. Para as autoridades políticas, o brigadiano é aquele personagem “a la Garcia” que basta dar ordens e os mínimos recursos que ele já vai cumprindo as tarefas sem contestar ou exigir condições de trabalho. Um dedicado servidor que tira dinheiro do bolso para comprar farda e equipamentos melhores, organizar a gestão, melhorar a técnica empregada e treinar sua perícia. Ainda enxergam o brigadiano como aquele guerreiro das revoluções do século passado que só precisava de uma arma e de um ideal para defender a voz política de seus governantes.
Só que todo este arcabouço de glórias, dedicação exclusiva e heroísmo, reconhecidos e valorizados pelos governantes do passado, nada pesa para os interesses das gerações políticas deste século. Os portadores da tradição gloriosa de uma corporação centenária e de tradição nada significam... politicamente.
Aqui no RS, pagam o pior do Brasil para um policial militar. O foco é imediatista e a política de segurança pública visa apenas o recurso da mobilidade – a viatura. Esquecem que toda tecnologia precisa de pessoas capacitadas, motivadas, adestradas e em plenas condições físicas, emocionais e psicológicas para fazer funcionar com proveito e eficácia. Esquecem o ser humano e profissional do agente policial, dando mais atenção à impessoalidade do atendimento de ocorrências e ações de contenção, em detrimento da necessidade preventiva, objetivo principal de uma polícia ostensiva. Assim, os mortais anjos da guarda, como num passe de mágica, sumiram do contato permanente com o cidadão, das ruas e dos campos onde preveniam os delitos. Sumiram o policial de quarteirão, os postos estratégicos e o postinho da comunidade.
A segurança pública, apesar de ser direito de maior necessidade do povo gaúcho e promessa política carimbada nas campanhas políticas, é apenas figuração numa realidade aonde o crime vem ousando pela crueldade, pela força, pelo poder político, pelo volume financeiro e pelo arsenal bélico que apresenta. O clamor popular diante da insegurança, terror e vidas inocentes não consegue ecoar nos palácios do Executivo, Judiciário e Legislativo. Nas ruas imperam o medo, a impotência, o desrespeito às leis, a desconfiança nas instituições e o descrédito na justiça.
É triste a sina de ser brigadiano e envergar a farda mística de uma corporação bicentenária de tantos serviços prestados à nação e ao povo gaúcho, com moral baixo e soldos aviltados num estado onde há desarmonia, privilégios, negligência e descaso nas questões de justiça e ordem pública, e onde se abandonam os agentes públicos do Executivo, não se aplicam as leis na plenitude, desrespeitam princípios e enfraquecem os instrumentos de coação, justiça e cidadania. Não é a toa que o crime e a violência estão tomando proporções jamais vistas diante de serviços incapacitados e dependentes da coragem e da dedicação samaritana de seus prestadores. E o pior, os tempos são outros. Agora a guerra é suja, sem honra ou glórias.
É com muito orgulho o fato de ser filho de um brigadiano aba-larga que criou sete filhos numa época de crises, mas de bons ventos de apoio, respeito e veneração.
“O serviço de polícia é nobilitante, por que sobre ele repousa a honra e o bem estar da família”. (BG 08/novembro de 1935 referente à Constituição de 29/06 que atribuía à BM o serviço de policiamento no RS)




quinta-feira, 28 de julho de 2011
A VOLTA DOS ABAS LARGAS

Projeto prevê restauração de raro longa-metragem filmado na região de Santa Maria nos anos 1960 - MARILICE DARONCO | SANTA MARIA, SEGUNDO CADERNO, ZERO HORA 27/07/2011
Verdadeiro mito do cinema da região de Santa Maria – pois não pode ser visto desde os anos 1960 –, o longa-metragem Os Abas Largas deve sair do limbo. O filme é uma produção carioca rodada em 1962 em Santa Maria e Itaara, então distrito santa-mariense. O presente do aniversário de 50 anos pode ser a restauração da única cópia em 35mm da produção que restou.
Um grupo diversificado luta pelo restauro há sete anos. Recentemente, um passo importante foi dado, estabelecendo contato com as herdeiras do filme, nos EUA – é que, sem autorização das filhas do diretor, Sanin Cherques, não é permitido mexer no material. Por isso, no ano passado, o filme não pôde ser restaurado pela Cinemateca Brasileira (SP), onde está a cópia.
Desde 2004, Therezinha Pires Santos, a viúva do ator santa-mariense Edmundo Cardoso, e Gilda Cardoso Santos, filha dele, começaram a batalhar pela recuperação do filme. Hoje, a equipe pró-restauração de Os Abas Largas conta também com o comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), coronel Wladimir Comassetto, a especialista em museologia do Centro Histórico Coronel Pillar (CHCP), Giane Escobar, a coordenadora do arquivo do CHCP, Maria Candida Skrebsky, e a produtora do Santa Maria Vídeo e Cinema, Juliane Fossatti.
– As herdeiras se mostraram dispostas a autorizar a restauração. Estamos esperando os documentos – afirma Therezinha.
Além dos 50 anos do longa, a Brigada Militar tem outro motivo especial para a restauração. Em 10 de novembro, o 1º RPMon completa 120 anos. Os Abas Largas teve roteiro inspirado no 1º Regimento de Polícia Rural Montada (1955 – 1974), com sede em Santa Maria e cujo efetivo usava chapéus de abas largas. Muitos policiais trabalharam como atores.
– O filme também é um documento histórico – aponta Maria Candida. – Naquela época, o governo do Estado queria propagandear seus costumes, seus valores e sua gente. Daí mostrar a Brigada Militar, com sua Polícia Rural Montada.
O coordenador de preservação da Cinemateca Brasileira, Millard Schisler, conta que a cópia foi levada para a instituição em 1989 pela extinta Lupa Filmes, de Cherques:
– A restauração é urgente. Há rolos de negativo de imagem que estão em bom estado, mas outros estão precários.
Assim que estiver com a autorização em mãos, a equipe pretende inscrever o projeto em editais públicos. São necessários cerca de R$ 100 mil para a restauração e R$ 80 mil para se fazer cópias em DVD, que serão distribuídas em escolas e instituições de Santa Maria.
Pouco se sabe de concreto sobre a trama, já que, há quase cinco décadas, o filme não é visto. A sinopse na Cinemateca Nacional diz apenas: “Exaltação da Brigada Militar, montada no Rio Grande do Sul”. Sabe-se que Os Abas Largas traz cenas de perseguição entre policiais e abigeatários. Depois que a quadrilha é presa, o longa termina com um desfile militar.
Fala-se que a trama reserva uma história de amor. Seria verdade? A partir da restauração, ela poderá ser recuperada.

Quem são os Abas Largas
Até hoje, o 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon) é conhecido como Regimento Aba Larga. Deve-se ao fato de ter surgido a partir do Regimento de Polícia Rural Montada (1955 – 1974), em uma época na qual o policiamento do interior do Estado ficava a cargo da Brigada Militar de Santa Maria. Em 1961, o grupo ganhou este nome e teve o efetivo e a zona de atuação diminuídos, com a criação de dois outros regimentos de polícia montada.
Santa Maria em cena
> Ator e teatrólogo, Edmundo Cardoso (1917 – 2002) é conhecido dos santa-marienses graças a curtas e documentários sobre a cidade. Os Abas Largas é o único longa em que ele pode ser visto – se a restauração der certo. No filme, o ator comanda o grupo dos ladrões de gado que é perseguido pelos policiais.
> “Meu pai era uma referência na comunidade, recebeu a produção durante as filmagens. Lembro de assistir a alguns testes. Muita gente na cidade queria participar. Ele fazia questão de fotografar tudo, por isso há tantos registros guardados”, diz Gilda May Cardoso Santos, filha de Edmundo com Edna May Cardoso, sua primeira mulher, que também fez parte do filme.
> Em uma época na qual, segundo os cartazes do filme, “os homens sabiam lutar e as mulheres sabiam amar”, o cinema era uma novidade para a comunidade local. A possibilidade de participar do projeto levou muitos interessados para a seleção de elenco, que foi feita no Clube Caixeiral.
> O papel de mocinha do filme ficou com Irene Kowalczyck, que adotou o sobrenome artístico Kowak. Ela morava em Porto Alegre e era a vencedora do concurso de Mais Bela Comerciária em 1961. Desbancou uma atriz carioca que já estava escalada quando um produtor viu sua foto e a achou parecida com Elizabeth Taylor. O mocinho da trama foi o galã Sérgio Roberto. Conheça os personagens:
- Sérgio Roberto: interpreta Florêncio (galã e o mocinho, era um dos policiais conhecidos como Abas Largas)
- Irene Kowak (Kowalczyck): Mercedes (a mocinha, namora o galã de Florêncio)
- Edmundo Cardoso: Ricardo (fazendeiro que liderava a quadrilha de abigeato)
- Dimas Costa: Nicácio (sargento)
- Edna May Cardoso: Cassinha (fazendeira)
- Jorge Karan: Caburé (um dos contrabandistas)
- João Teixeira Porto: Garcia (fazendeiro que comprava gado roubado)
- Agenor Peretti: Gastão (fazendeiro)


quarta-feira, 27 de julho de 2011
BRONZE NA QUINTA EDIÇÃO DOS JOGOS MUNDIAIS MILITARES

O capitão Claudio Goggia conquistou o bronze neste domingo no hipismo. Brasil termina em 1º nos Jogos Militares. Nina Lima/Photocamera - Da Redação esportes@band.com.br - 24/07/2011
País conquistou 114 medalhas, sendo 45 de ouro. Na última edição, em Hydebarad, Brasil tinha ganho apenas três medalhas no total.
Terminadas as competições da quinta edição dos Jogos Mundiais Militares, neste domingo, o Brasil ficou com a primeira posição no quadro de medalhas. O país-sede da competição conquistou 114, sendo 45 de ouro, 33 de prata e 36 de bronze. Na última edição, em Hydebarad, na Índia, o Brasil ganhou apenas três no total. Neste domingo foram conquistados o ouro no basquete masculino e no futebol feminino.
No Hipismo, mais um ouro, com Jefferson Sganolin no CCE (Curso Completo de Equitação). O país ainda foi prata no CCE em equipes e bronze com Claudio Goggia no Salto Individual. O triatlo trouxe mais quatro medalhas: prata nas equipes mistas, equipes masculinas e com Carla Moreno no feminino, além do bronze nas equipes femininas.
Em segundo ficou a China, com 99 medalhas (37 de ouro, 28 de prata e 34 de bronze); e completando o pódio a Itália, com 51 medalhas (14 de ouro, 13 de prata e 24 de bronze). Em quarto ficou a Polônia, com 43 medalhas (13 de ouro, 19 de prata e 11 de bronze) e a França em quinto, com 17 medalhas (11 de ouro, 3 de prata e 3 de bronze).
A próxima edição dos Jogos Mundiais Militares acontece em 2015, na cidade de Mungyeong, na Coreia do Sul.
Capitão com bronze - WANDERLEY SOARES, O SUL, 27/07/2011
Na 5 edição dos Jogos Mundiais Militares, evento que reuniu mais de 10 mil atletas, entre os dias 16 e 24 de julho, no Rio, o capitão Goggia, lotado no 1 Batalhão de Polícia Militar, de Porto Alegre, foi convocado a integrar a equipe brasileira de hipismo, sendo o único representante das PMs de todo o Brasil a competir na modalidade.
Por equipe, os brasileiros conquistaram medalha de ouro e, individualmente, Goggia obteve bronze.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Parabéns ao nosso Oficial campeão que se junta à galeria dos brigadianos que são convocados para competições de alta performance como as Olimpíadas e Mundiais específicos, trazendo prêmios, ótimas colocações e participação honrosas.

quarta-feira, 6 de julho de 2011
UM BRIGADIANO VAI ENSINAR O BOPE A AGIR EM AMBIENTES SEM LUZ

CAVEIRAS NO ESCURO. Gaúcho ministra curso para o Bope. Sargento da BM ensinará tropa de elite carioca a agir em ambientes sem luz - VANESSA BELTRAME, ZERO HORA 06/07/2011
Para enfrentar uma média de 60% de ocorrências em “ambientes de baixa luminosidade”, é preciso que um policial saiba driblar o medo e calcular os passos que serão dados, literalmente, no escuro. Trata-se da da especialidade do sargento Marcio Brum Torbes, 46 anos, que embarca hoje com um convite para treinar policiais da tropa de elite mais famosa do país, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio de Janeiro.
Por três dias, os caveiras, como são conhecidos, aprenderão a intervir em locais escuros e confinados durante situações de risco, limitação que ocorre na maioria das ações, segundo dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Para isso, contarão com o auxílio de lanternas e equipamentos de visão noturna. Os alunos de Torbes são do Grupo de Resgate e Retomada (GRR), equipe tática do Bope que trabalha com situações envolvendo reféns.
– Não é comum o Bope trabalhar com lanternas e achamos bom que os operadores do batalhão aprendessem. O sargento Torbes é uma referência no assunto no país e é muito útil agregar esse tipo de informação – explica o sargento Carlos Melos, coordenador do GRR.
Oficial prepara livro sobre o tema
De experiências próprias e uma pesquisa intensa, surgiu a ideia de escrever um livro sobre as situações enfrentadas pelos policias em ambientes de baixa luminosidade. A partir de conversas com médicos e psiquiatras, o sargento sabe, antes de enfrentar o risco, como se dilata a pupila e o que passa na mente de um indivíduo acuado em local escuro. E, então, cria a tática para reagir de maneira correta.
– Se o suspeito estiver há mais de 15 minutos em um ambiente escuro e tiver os olhos ofuscados, não vai enxergar. É o tempo de eu me posicionar – conta Torbes.
Policial há mais de 25 anos, o sargento trabalha atualmente na 2ª Companhia do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar em Porto Alegre. O interesse pelas intervenções em baixa luminosidade começou há cerca de 12 anos, ao participar de um treinamento da equipe texana da Swat, o esquadrão de elite da polícia americana. Frente a uma técnica americana limitada para as necessidades tupiniquins, o sargento começou a estudar para avançar em uma tática própria:
– O que eu fiz foi adaptar os ensinamentos para a realidade do Brasil.
Torbes já ministrou este tipo de treinamento em outros Estados do país e em Portugal, onde ensinou suas técnicas à Guarda Nacional Republicana.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É mais um exemplo da capacidade operativa e da vontade individual que tem o brigadiano de se especializar. Vários integrantes da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul colocaram férias, licenças especiais e dinheiro do bolso para fazerem cursos no Exterior e depois aplicarem na prestação de serviços ao povo gaúcho. O único prêmio que conseguem, além da segurança que as técnicas promove, é o reconhecimento dos cidadão que salvam, dos companheiros que ensinam e das instituições que os convidam para instruir seus policiais.
Este exemplo do sargento Marcio Brum Torbes e de outros policiais que fizeram cursos no exterior com seus próprios recursos deveriam estimular o Estado a investir em cursos no Exterior para trazer de lá estratégias e técnicas que já passaram por experiências de sucesso e com resultados práticos nas questões de ordem pública.
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