MAUREN XAVIER
A Brigada Militar nasceu com a missão de
garantir a ordem pública no momento em que o Rio Grande do Sul
enfrentava as turbulências da Guerra dos Farrapos. Após 178 anos, que
serão celebrados no próximo dia 18, a corporação ainda enfrenta o mesmo
desafio. Porém, o panorama e a complexidade são bem maiores. Com um
número limitado de profissionais, cerca de 20 mil, e com uma defasagem
estimada em quase 40%, a Brigada enfrenta uma onda de criminalidade em
ascensão. Assim, busca na gestão um caminho para romper as dificuldades e
conseguir atender ao volume variado de demandas, que muitas vezes nem
são de responsabilidade da corporação. “Exercemos um papel essencial na
sociedade. Ele é fundamental para garantir a ordem e, mais do que isso, a
democracia”, afirma o comandante-geral da BM, coronel Alfeu Freitas.
“Incorporamos muitas fun- ções ao longo do tempo”, afirma.
Especificamente, o coronel fala de serviços como o policiamento em
presídios. Atualmente, são deslocados 600 PMs para atuarem no Presídio
Central e na Penitenciária do Jacuí. “Foi um trabalho temporário que se
tornou permanente”, analisa. “Gostaríamos de deixar os presí- dios”,
enfatiza. O desafio de gerenciar um grupo limitado diante de inúmeras
demandas faz com que a gestão seja fundamental. “Buscamos estimular e
aperfeiçoar boas práticas, como o monitoramento dos índices de
criminalidade”, exemplifica. “Isto serve para nos mostrar onde podemos
atuar mais fortemente”, afirma o oficial. Para Freitas, o presente de
aniversário ideal seria a união de toda a população para reduzir a
criminalidade. Criar condi- ções para evitar que crimes fossem
cometidos. Que os criminosos detidos tivessem condições de
ressocialização, evitando, por exemplo, o trabalho do “prende e solta”. A
Brigada Militar registra por dia 4.800 ocorrências e prende 360
pessoas. “Somos os mais criticados”, comenta o comandante-geral. “Pois,
estamos presentes em todos os locais”.
Uma vocação de pai para filho
A Brigada Militar também faz parte da
família de muitos de seus integrantes. Não são raras as histórias de
pessoas que ingressaram ainda jovens e, gradativamente, avançaram,
chegando a ocupar cargos de destaque. A história de vida do coronel
Alfeu Freitas, atual comandante-geral da BM, é um dos exemplos. Ele
ingressou aos 17 anos, seguindo o exemplo de seu pai, que era
brigadiano. Dentro da corporação, Freitas avançou até o cargo máximo.
Outra história é a de José Dilamar Vieira da Luz. Ele também ingressou
aos 17 anos e foi para a reserva após exercer o comando-geral da
corporação, de 1996 a 1998. A sua trajetória totaliza 33 anos. “Desde
pequeno quis ser militar e optei pela BM porque assim poderia ficar no
Estado”, recorda Luz. A escolha, em parte, foi influenciada pelo primo,
que pouco antes havia se formado aspirante. “Segui o caminho”, comenta. E
a sua trajetória foi de ascensão, passando por diversos departamentos e
cidades. “A BM faz parte da minha história”, resume. E, mesmo na
reserva, a instituição ainda está presente em sua vida. O major Leandro,
seu filho mais velho, é lotado no setor de Inteligência do Comando de
Policiamento da Capital (CPC). O ex-comandante-geral recorda a mudança
que promoveu na corporação na época que era o titular. A formação em
Direito passou a ser obrigatória para o PM tornar-se oficial. Mas o
maior desafio é combater a criminalidade sem as condições ideais. “Os
crimes aumentam em uma velocidade maior do que a capacidade da Brigada
Militar em dar uma resposta”, atesta o oficial da reserva.
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