quarta-feira, 18 de novembro de 2015

PARABÉNS, BRIGADA MILITAR - 178 ANOS



CORREIO DO POVO


Paulo Roberto Mendes Rodrigues
Juiz-Cel TJMRS






Brigada! Hoje - 18/11/2015 - é dia de prestarmos uma continência bem caprichada a uma senhora, já idosa, mas com espírito sempre jovial e forte, pois ela está de aniversário. Como diz o velho sábio: “O ontem é passado, o amanhã é uma incógnita e o hoje é uma dádiva e, por isso, o chamamos de PRESENTE”! E, certamente, o que pretendemos nesta simples homenagem é oferecer um reconhecimento a cada um dos milicianos que compõem a grande família da brigadiana.

Reviver um pouco desta história é importante e ela começa em 18/11/1837, em plena Revolução Farroupilha, com o nome de Corpo Policial. Durante sua evolução, adotou diversas denominações, mas firmou cadência em 15/10/1892, quando assumiu a atual designação.

Inicialmente, sua missão principal era a defesa territorial, e nossos valorosos antepassados foram aguerridos e fortes. Foram muitos “combates e entreveros”, no Estado e fora dele, todos vitoriosos, porém, nunca se descuidou da proteção aos gaúchos. Adiante, em 1955, são criadas a Companhia Pedro e Paulo e o Regimento dos “abas-largas”, os quais caíram na simpatia da população, pelas atuações sempre eficientes no combate a bandidagem.

Ganhou um grande presente em 1967, assumindo a exclusividade das atividades de policiamento ostensivo. Adiante, já ano de 1987, houve outro avanço importante: foi criada a Companhia de Policiamento Feminino. Era a vez de as mulheres darem a sua contribuição ao policiamento. E, em 1988, a Constituição Federal assegurou o exercício de polícia ostensiva e a preservação da Ordem Pública, tudo visando à construção da tão almejada paz social.

Atualmente são milhares de atendimentos ao público em suas complexidades do dia-a-dia, o que exige a profissionalização cada vez mais intensa de nossos valorosos brigadianos, os verdadeiros guardiões dos pampas gaúchos.

Diuturnamente, vestindo seu uniforme sempre sagrado, caminhando com suas botinas e de passos firmes e largos, rumo ao seu bicentenário. Em sua homenagem, portanto, lembremos parte de sua canção: “dos leões farroupilhas trazemos o vigor destemido no ser. Heroísmo, bravura e ousadia pra vitória final merecer! ...” .

Ah! Talvez seja oportuno, fazer um pequeno pedido ao nosso Governador, embora as sabidas dificuldades financeiras, para que determine rapidamente a recomposição dos efetivos, de forma a dar um basta definitivo na criminalidade que assola os gaúchos no dia-a-dia.

Parabéns, Brigada Militar!

BRIGADA VELHA DE GUERRA





CORREIO DO POVO

OSCAR BESSI


“ Brigada velha de guerra”. Ele se referia assim, ao falar da corporação cuja farda vestiu por 34 anos. Era o jeito como meu pai a definia. 

E, em suas memórias, voltava o soldado Bessi, incluído nas fileiras em 1946, ao largar a vida de cortador de mato no esquecido Vapor Velho, depois de perder o pai e quase ter o pé decepado por um machado, sem perder a vontade de fazer algo a mais na vida. Jurou defender seu povo. 

Na época, os jovens alemães, seus amigos de infância no Vale do Caí, que sofriam perseguições do pós-guerra. Vejo suas fotos em preto e branco que me deixou de herança, acampado em rincões do pampa como São José dos Ausentes. Um menino e seu compromisso. Como prender o desordeiro que espancava prostitutas para, anos depois, reencontrá-lo prefeito de uma cidade. Que, formado, conheceu os livros, em novembro, o mês em que nasceu, mês que seria da Feira do Livro de Porto Alegre, que me ensinou a frequentar. Mês que escolheu para deixar este mundo. Os livros o levaram a ser cabo, sargento, oficial. 

Quando comecei a escrever no Correio do Povo, falava com carinho e orgulho do cabo Vito, pai do nosso Juremir, que adorava ler. De sua vida ativa até a minha foram seis décadas de imersão nas entrelinhas desta força policial quase bicentenária. Força que sobreviveu às críticas, à politicagem, às forças contrárias e aos seus próprios erros históricos. 

Meu pai contava suas participações como cavalariano no tumulto após a morte de Getúlio (que ele idolatrava igual aos operários, mesmo com aquelas escorregadelas tirânicas), as trincheiras da Legalidade, o asco que sentia em relação ao regime militar. Contava-me sem papas na língua quem fez o quê. Só me pedia para não repetir por aí, pois “tu não sabes do que essa gente é capaz”, repetia, apavorado, no dia em que me viu com um bóton clandestino, no tempo do governo Figueiredo. Os tempos mudavam, eu sabia. Mas meu pai era gato escaldado. 

A Brigada Militar de hoje conta outras histórias, todos os dias, de novas guerras. De vidas que se salvam, de soldados lutando contra o caos, sempre melhor armado, mas conseguindo vitórias, mesmo que pareçam em vão ou resultem em pouco mais que nada. A farda maltratada na cultura da impunidade, mas único fio de esperança em instantes de desespero. O portal público de socorro 24h. Erros? Sim, eles existem. Humanos erram todos os dias, em todos os lugares, e os erros nos machucam. Enfim. Pobre humanidade, essa de trilhos abandonados, destruições, agressões ao semelhante. Mas recheada de heróis anônimos. A estes que peço um abra- ço. Os bons existem. E só eles são capazes de se tornarem perenes.



BRIGADA FUTEBOL CLUBE

ZERO HORA 21 de junho de 2015 | N° 18201


NO ATAQUE | Diogo Olivier



 

A DONA DA BRAÇADEIRA



MICHELE MARIA, Capitã do 1º Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Porto Alegre

Ela não é Nascimento como o do cinema, eternizado pelo ator Wagner Moura. Mas é capitão de elite tanto quanto. Ou melhor, capitã. Gaúcha de Santa Maria, advogada, 36 anos, dançarina de jazz, solteira, 1m73cm, sem namorado, treinada em artes marciais combinadas, falante mas capaz de se esquivar de temas nos quais boca fechada é sabedoria, Michele Maria Sagin da Silva é a primeira mulher a alcançar o cobiçado oficialato no 1º Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar (BOE), em Porto Alegre.

Michele se acostumou a esfarelar paradigmas. Entrar para o BOE, onde é preciso combinar tirocínio, fortaleza psicológica e potência física é apenas o mais expressivo. Mas há outros, prosaicos, que a gente nem imagina. Arrumar um jeito de aprisionar as longas madeixas cacheadas dentro do capacete é um deles. Diziam que teria de cortar o cabelo. Não cortou. Segue as regras de corporação no uso de maquiagem suave para os olhos verdes.

Pois Michele, com seu amplo currículo militar, agora trabalha em jogos de Inter e Grêmio. A qualquer momento pode ser requisitada a atuar no corpo a corpo destas badernas de organizadas, cujas rixas já produziram mortes e depredação de toda espécie.

– Se tiver que entrar, eu entro. Se o sujeito perceber que tu sabe, e eu sei, pode apostar que eu sei, ele recua na hora. Sou treinada. É só focar na técnica, não tem mistério.

Eu é que não vou duvidar da dona da braçadeira.

É mais difícil para uma mulher entrar no BOE?

O que eu mais ouvia era: “Você vai ficar na parte física”. Eu me entreguei de corpo e alma ao Curso de Especialização em Operações de Choque. Foram 45 dias intensos. Você faz tudo de colete, capacete, o equipamento do dia a dia. Sem condicionamento de longa data, sem uma memória física, não entra. Mas além da força, física e mental, é crucial a determinação. Trata-se de quebrar paradigmas. Era o meu sonho, desde que me formei em Direito. Lutei muito para estar aonde estou, nestes 9 anos de corporação e dois na Academia de Polícia.

Você está falando de machismo?

A sociedade é machista. Todo mundo sabe disso. O Rio Grande do Sul, mais ainda. Mas já não é como antes. E tem também o lado do conformismo da própria mulher, que termina sendo levada sempre para o lado da gestão, da administração, em vez do trabalho físico que exige embate. Por que não pode? Pode, sim.

Tem vestiário feminino para você no BOE?

Não, pois sou a primeira mulher. Mas fico no alojamento das mulheres praças sem o menor problema. Somos uma equipe, e elas também são pioneiras. No futuro, com mais mulheres oficiais, certamente construirão um. É o que te falo, dos paradigmas.

E as piadinhas machistas?

Nunca ouvi na BM (Michele chefiou a terceira seção do 2º BOE de Santa Maria; o 4º Pelotão da 1ª Companhia do 7º BPM em Crissiumal e, no 15º BPM, esteve à frente da Companhia de Operações Especiais). É uma questão de postura. Sou muito profissional. A conduta no BOE é rígida e respeitosa para todos, homens e mulheres. É bem tranquilo.

E o possível cara a cara com a violência dos barra-bravas?

Já atuei em jogos, de prontidão. Sou combatente. Sou choqueana. Se tiver de entrar no estádio para resolver alguma confusão, eu entro e não tem conversa. Se o sujeito perceber que tu sabe o que está fazendo, e eu sei, ele recua. Nunca tive problema com isso por ser mulher. É uma questão de técnica, de treinamento. Você vai lá e faz. É o nosso trabalho.

Não dá medo?

(Risos) Tá falando sério?

Para que time você torce?

(Mais risos) Brigada Militar Futebol Clube.

Aonde a capitã Michele Maria quer chegar?

O meu sonho está realizado. Já tive convites para outras funções, algumas administrativas, em razão da minha formação acadêmica (Michele tem especializações em direito processual civil e direito constitucional aplicado, integrou a assessoria jurídica do Comando Geral da BM e fez o curso de contrainteligência da BM). Mas não quero. Eu quero o BOE. O que vier agora é lucro, mas que venha naturalmente.

INSTITUIÇÃO SE APERFEIÇOA AOS 178 ANOS

Batalhões em todo o Rio Grande do Sul usavam caminhonetes nos anos 1950 para patrulharem estradas e ruas. Na década seguinte, a instituição passou a usar viaturas menores no policiamento ostensivo
Batalhões em todo o Rio Grande do Sul usavam caminhonetes nos anos 1950 para patrulharem estradas e ruas. Na década seguinte, a instituição passou a usar viaturas menores no policiamento ostensivo

MAUREN XAVIER

A Brigada Militar nasceu com a missão de garantir a ordem pública no momento em que o Rio Grande do Sul enfrentava as turbulências da Guerra dos Farrapos. Após 178 anos, que serão celebrados no próximo dia 18, a corporação ainda enfrenta o mesmo desafio. Porém, o panorama e a complexidade são bem maiores. Com um número limitado de profissionais, cerca de 20 mil, e com uma defasagem estimada em quase 40%, a Brigada enfrenta uma onda de criminalidade em ascensão. Assim, busca na gestão um caminho para romper as dificuldades e conseguir atender ao volume variado de demandas, que muitas vezes nem são de responsabilidade da corporação. “Exercemos um papel essencial na sociedade. Ele é fundamental para garantir a ordem e, mais do que isso, a democracia”, afirma o comandante-geral da BM, coronel Alfeu Freitas. “Incorporamos muitas fun- ções ao longo do tempo”, afirma. Especificamente, o coronel fala de serviços como o policiamento em presídios. Atualmente, são deslocados 600 PMs para atuarem no Presídio Central e na Penitenciária do Jacuí. “Foi um trabalho temporário que se tornou permanente”, analisa. “Gostaríamos de deixar os presí- dios”, enfatiza. O desafio de gerenciar um grupo limitado diante de inúmeras demandas faz com que a gestão seja fundamental. “Buscamos estimular e aperfeiçoar boas práticas, como o monitoramento dos índices de criminalidade”, exemplifica. “Isto serve para nos mostrar onde podemos atuar mais fortemente”, afirma o oficial. Para Freitas, o presente de aniversário ideal seria a união de toda a população para reduzir a criminalidade. Criar condi- ções para evitar que crimes fossem cometidos. Que os criminosos detidos tivessem condições de ressocialização, evitando, por exemplo, o trabalho do “prende e solta”. A Brigada Militar registra por dia 4.800 ocorrências e prende 360 pessoas. “Somos os mais criticados”, comenta o comandante-geral. “Pois, estamos presentes em todos os locais”.
Pelotão, provavelmente no interior do Estado, perfilado para cerimônia
Pelotão, provavelmente no interior do Estado, perfilado para cerimônia
Uma vocação de pai para filho

A Brigada Militar também faz parte da família de muitos de seus integrantes. Não são raras as histórias de pessoas que ingressaram ainda jovens e, gradativamente, avançaram, chegando a ocupar cargos de destaque. A história de vida do coronel Alfeu Freitas, atual comandante-geral da BM, é um dos exemplos. Ele ingressou aos 17 anos, seguindo o exemplo de seu pai, que era brigadiano. Dentro da corporação, Freitas avançou até o cargo máximo. Outra história é a de José Dilamar Vieira da Luz. Ele também ingressou aos 17 anos e foi para a reserva após exercer o comando-geral da corporação, de 1996 a 1998. A sua trajetória totaliza 33 anos. “Desde pequeno quis ser militar e optei pela BM porque assim poderia ficar no Estado”, recorda Luz. A escolha, em parte, foi influenciada pelo primo, que pouco antes havia se formado aspirante. “Segui o caminho”, comenta. E a sua trajetória foi de ascensão, passando por diversos departamentos e cidades. “A BM faz parte da minha história”, resume. E, mesmo na reserva, a instituição ainda está presente em sua vida. O major Leandro, seu filho mais velho, é lotado no setor de Inteligência do Comando de Policiamento da Capital (CPC). O ex-comandante-geral recorda a mudança que promoveu na corporação na época que era o titular. A formação em Direito passou a ser obrigatória para o PM tornar-se oficial. Mas o maior desafio é combater a criminalidade sem as condições ideais. “Os crimes aumentam em uma velocidade maior do que a capacidade da Brigada Militar em dar uma resposta”, atesta o oficial da reserva.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A BM E SUA HISTÓRIA NO COMBATE AO CRIME




Jornal O Sul - 24.02.15


Paulo Roberto Mendes Rodrigues



Hoje, nem a população nem os bandidos enxergam os brigadianos nas ruas. Aliás, isto é um dos motivos que estimulam a bandidagem e deixa a população cada vez mais insegura. Que saudades da Brigada dos valorosos “Pedro e Paulo” patrulhando as ruas e afugentando os malfeitores.

O Instituto Index, nos dias 6 e 7 de fevereiro, realizou uma pesquisa em trinta municípios gaúchos, entrevistando 1,2 mil pessoas sobre o tema segurança pública. Pois bem! A pesquisa tratou sobre temas polêmicos, tais como liberação do aborto, pena de morte, maioridade penal, ressocialização do preso, porte de arma, entre outros. Aliás, neste ponto, os pesquisados demonstram coerência com o que se percebe no dia-a-dia. Mas, o que chama mais a atenção são as respostas às perguntas:
1) o senhor se sente seguro para caminhar pelas ruas à noite? 82% disseram NÃO;
2) já foi assaltado? 68% disseram SIM;
3) confia na BM? 45% disseram NÃO.

Estes três quesitos são importantes, pois demonstram claramente a situação de insegurança manifestada pelos entrevistados. E mais – e isto é fundamental –, quase a metade da população entrevistada diz não confiar na Brigada. Triste, muito triste.

Sabemos que a contenção da criminalidade é complexa e envolve órgãos de vários níveis. Porém, é a Brigada Militar a parte visível, são os brigadianos fardados que estão – ou deveriam estar – nas ruas enfrentando a bandidagem, fazendo-a recuar. Para a população não interessa se o sistema prisional está superlotado. Não interessa que o Presídio Central tenha sido considerado o pior do país. Na verdade, o que interessa é que exista segurança. Mas, nem nos “territórios da paz” há. O que se vê todos os dias são relatos de extrema violência, deixando os gaúchos e gaúchas inseguros. As estatísticas só aumentam.

A valorosa Brigada Militar gaúcha irá completar 178 anos de existência. Diz-se que a história da instituição se confunde com a própria história do Rio Grande. É a única que está presente nos 497 municípios, atuando diuturnamente, sob quaisquer condições, em defesa da sociedade. Muitas vezes realiza trabalhos que nem são de sua responsabilidade, mas, por não haver outra solução, estende sua mão solidária ao atendimento.

Hoje, nem a população nem os bandidos enxergam os brigadianos nas ruas. Aliás, isto é um dos motivos que estimulam a bandidagem e deixa a população cada vez mais insegura. Que saudades da Brigada dos valorosos “Pedro e Paulo” patrulhando as ruas e afugentando os malfeitores.

Assim, roguemos que o Governador, estimulado pelo artigo 82, XIII, da Constituição gaúcha, que reza que compete a ele, “privativamente, exercer o comando supremo da Brigada Militar”, ouça as vozes das ruas e fortaleça a instituição com recursos humanos e materiais, propiciando um combate mais efetivo ao crime, inspirando-se no passado e projetando o futuro, de modo que na próxima pesquisa a população maciçamente diga SIM, confia na BM (Brigada Militar), e, mais, diga que não mais é refém da insegurança.



Cel. ex-Cmt. da BM





sábado, 14 de fevereiro de 2015

ATO DE GRATIDÃO POR TER SIDO SALVA POR BRIGADIANOS




ZERO HORA 13/02/2015 | 19h05


Menina que teve o cabelo preso no ralo da piscina agradece pelo seu salvamento. Ana Cristina Kieling Pedrazzi, de 8 anos, entregou um desenho aos policiais militares que prestaram socorro no dia do acidente

por Dandara Flores Aranguiz




Foto: Ronald Mendes / Agencia RBS


Após quatro dias internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) Pediátrico do Hospital de Caridade de Santa Maria, a menina Ana Cristina Kieling Pedrazzi, de 8 anos, está bem e já recebeu alta.

Na última segunda-feira, por volta das 10h30min, a garotinha estava tomando banho na piscina da casa dos avós maternos, no bairro Rosário, quando teve os cabelos presos no ralo. Na tarde desta sexta-feira, após deixar o hospital, a menina, acompanhada dos pais, dos avós e de um dos dois irmãos, esteve no quartel da Brigada Militar, na Rua Pinto Bandeira, para agradecer aos policiais militares pelo atendimento prestado no dia do socorro.

Emocionados, os dois brigadianos que atenderam à ocorrência, e um dos batedores que fizeram a escolta da ambulância até o hospital, abraçaram a pequena Ana Cristina. Como um gesto de reconhecimento, ela fez um desenho e o entregou aos policiais, junto com uma carta de agradecimento da mãe e da avó.

_ Não há palavras que expressem nossa gratidão por vocês terem salvado a nossa filha. Graças ao trabalho de vocês é que hoje ela está tão bem. A ajuda nos primeiros momentos e a orientação que vocês deram por telefone até o socorro chegar foi fundamental. Agora ela está tão bem quanto antes, e está aqui para agradecer vocês pelo socorro rápido_ disse a mãe, Fernanda Kieling Pedrazzi, aos soldados Roberto Oliveira do Nascimento, Henrique Bona Omelzuck e Thiago dos Santos Flores.

O capitão Jair Francisco de Oliveira, que era o oficial de serviço no dia do acidente, ressaltou que a agilidade no atendimento foi crucial para obter o êxito no socorro:

_ Nós ficamos emocionados ao ver que eles vieram até aqui para nos fazer esse agradecimento. É o nosso trabalho, mas é muito reconfortante ter o reconhecimento da família com a dedicação que todos tiveram nesse dia. Foi um esforço coletivo para que a gente pudesse ter a Ana de volta ao nosso convívio.

Os soldados Nascimento e Omelzuck foram os dois policiais que realizaram os primeiros socorros - massagem cardíaca e ventilação - e reanimaram a menina até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

_ É gratificante o reconhecimento das pessoas. Nós desempenhamos nosso trabalho o mais rápido possível. É uma satisfação ver a Ana sem sequelas, saudável e no seio da família novamente_ declarou Omelzuck.

_ Nós tentamos agir com calma e colocar em prática todo o conhecimento que recebemos nos treinamentos para socorrer a vítima e tentar amenizar a situação. Nós sempre pensamos que poderia ser um filho nosso, de um colega, ou um ente querido_ comentou Nascimento.

Ao todo, 11 brigadianos participaram do atendimento, desde o auxílio por telefone da equipe da Sala de Operações, até os batedores que ajudaram a escoltar a ambulância até o hospital.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O POLICIAMENTO OSTENSIVO DA BRIGADA MILITAR

ABAMF

PORTAL ABAMF,



Romeu Karnikowski

O policiamento ostensivo, além dos serviços de Bombeiros, é a principal atribuição da Brigada Militar na estrutura de segurança pública no Estado do Rio Grande do Sul. A Constituição Federal em seu artigo 144, §5º, dispõe que às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública, diante do que as milícias dos Estados, vêm a ser a primeira linha de combate à criminalidade e à desordem que por vezes venha sacudir a sociedade. Na verdade, a Constituição de 1988, no referido artigo, consolidou a incumbência dada às polícias militares pelo Decreto-lei 317, de 13 de março de 1967, que além de criar a Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), deu a exclusividade do policiamento ostensivo a elas.

No Rio Grande do Sul, esse tipo de serviço policial era realizado até então pela Guarda Civil (1929-1967), as Rádios Patrulhas, Polícia de Trânsito e Rodoviário, Guardas Noturnos que era uma espécie de polícia particular sob a supervisão da Polícia Civil e pela Brigada Militar, por meio dos Regimentos de Polícia Rural Montada, das companhias “Pedro e Paulo” e das Volantes. A partir do advento do DL 317/67, a IGPM, que ficou subordinada ao Departamento Geral do Pessoal do Ministério do Exército, passou a fiscalizar e supervisionar as forças públicas dos Estados, determinando assim as diretrizes do policiamento ostensivo em todo o país. Mas antes disso, a corporação gaúcha já realizava, com muito êxito, a sua própria experiência, vários serviços de policiamento.

A Brigada Militar, criada como exército estadual em 1892, com participação intensa na Revolução Federalista como parte integrante da Divisão do Oeste, da Divisão do Sul, da Divisão do Centro e, sobretudo, da legendária Divisão do Norte, que constituíam as forças legalistas que lutaram contra os federalistas (maragatos) e sendo treinada desde 1909, pela Missão Instrutora do Exército, não era originalmente uma força destinada ao policiamento, mas preparada como podemos ver para a guerra.

A Revolução de 1930 determinou o monopólio do Exército Nacional na defesa do país, provocando o esvaziamento do papel das forças estaduais como exércitos e protagonistas nas guerras insurrecionais. O Estado Novo (1937-1945) reorganizou e modernizou as polícias no país, profissionalizando-as com carreiras definidas adotando-as de ascensão, salários pagos regularmente e atuação com bases mais cientificas, inclusive, consagrando na Constituição de 1934, as forças estaduais que desde então passaram a ser denominadas de “polícias militares”.

No Rio Grande do Sul, pelo Ato 1.119, de 8 de dezembro de 1937, baixado pelo general Daltro Filho, interventor federal, que aprovou o quadro de distribuição de destacamento da Brigada Militar para o serviço policial no interior do Estado. Desse modo o Rio Grande do Sul, foi dividido em seis regiões policiais: a 1ª região sediada em Caxias, a 2ª em Pelotas, a 3ª em Cachoeira, a 4ª em Alegrete, a 5ª em Cruz Alta e a 6ª na Região Metropolitana, cada qual abarcando vários municípios onde a Brigada Militar passaria atuar por meio dos seus destacamentos de polícia. Embora, a milícia gaúcha fosse destinada aos serviços de policiamento no interior, ela ainda permanecia, efetivamente, como exército estadual, como pode ser comprovado na sua famosa participação nas grandes manobras de Saicã em 1940, assistidas pelo próprio Presidente Getúlio Vargas, com seu staff que incluía o general Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra e o comandante geral da corporação, coronel Ângelo Mello. O excepcional desempenho da Brigada Militar nas manobras de Saicã em 1940, demonstrava que a força não havia ainda incorporado a sua nova condição de polícia. Mas a sua policialização – o processo de transformação em polícia – tem início com a Portaria 588, de 13 de dezembro que expediu as instruções reguladoras da cooperação da Brigada Militar nos serviços de policiamento civil que ela deveria realizar em Porto Alegre, juntamente com a Guarda Civil, uma vez que esta sofria de grave carência de efetivo.

Tal como já havia feito em 1896, antes da criação da Polícia Administrativa, que substituiu a Guarda Municipal, extinta em outubro desse mesmo ano, a corporação, em dezembro de 1950, deslocou parte do seu efetivo para o policiamento na Capital, porque a Guarda Civil (excelente polícia), encarregada desse tipo de serviço, não dispunha de quadros suficientes para realizá-lo plenamente. A Brigada Militar deu um passo gigantesco no seu processo de policialização com a criação em agosto de 1955, da Companhia de Polícia “Pedro e Paulo”, por meio da transformação da 1ª Companhia do 1ª Batalhão de Caçadores (até 1937, 1º Batalhão de Infantaria), para o policiamento em dupla em pontos especiais de Porto Alegre e da transformação do 1º Regimento de Cavalaria, estacionado em Santa Maria, no Regimento de Polícia Rural Montada, através da Lei 2.740, de 29 de novembro de 1955, para a vigilância preventiva, executar as primeiras providências de caráter repressivo em colaboração com as autoridades policiais, exercer atividade educativa no cumprimento dos códigos, prestar serviços assistenciais, prestar auxílio ao serviço de proteção aos índios, prestar pronto atendimento em caso de calamidade, etc. Essas duas unidades foram, efetivamente, as primeiras da corporação especialmente voltadas para o policiamento, donde a Brigada Militar começa também a constituir a sua própria doutrina para esse tipo de serviço.

O importante Decreto 7.755, de 10 de abril de 1957, inova regulamentando os serviços de policiamento da corporação dividido em policiamentos urbano e rural. E aos comandantes dos destacamentos competia: elaborara o “plano de policiamento” no município onde o destacamento estava estacionado no sentido de prevenir da ordem em prévio entendimento com o delegado de polícia. Atender com a máxima brevidade, as solicitações e requisições do delegado de polícia, de praças para a execução de polícia repressiva, entre outros tipos de serviços. O que fica claro é que os serviços de polícia da Brigada Militar estavam subordinados as determinações dos delegados e do chefe de polícia do Estado. Quando ocorria uma diligência ou ação policial repressiva o delegado solicitava ao comandante do destacamento um efetivo de soldados para garantir a execução do serviço. Na prática a Brigada Militar, por meio dos seus destacamentos, era uma força auxiliar dos delegados e autoridades policiais na execução dos serviços de polícia.

O Decreto 7.755/57, por dez anos, orientou e disciplinou o tipo e como deveria ser os serviços de polícia da Brigada Militar, até a sua revogação pelo Decreto-lei 317/67, baixado pelo regime de 1964, que reordenou o papel das polícias militares em todo o Brasil. Em 1961, as unidades da corporação foram reestruturadas, principalmente, no que tange as suas denominações: por exemplo, o então 1º Batalhão de Caçadores (antigo 1º Batalhão de Infantaria) foi rebatizado de 1º Batalhão de Guardas; o 3º Regimento de Cavalaria, estacionado em Passo Fundo, foi rebatizado de 2º Batalhão Policial; o 4º Batalhão de Caçadores (antigo 4º Batalhão de Infantaria), sediado em Pelotas, foi rebatizado de 3º Regimento de Polícia Rural Montada e as companhias “Pedro e Paulo” foram transformadas no 1º Batalhão Policial sediado em Porto Alegre e assim por diante. Foi um passo importante na afirmação dos serviços policiais da corporação, embora ela ainda permanecesse eminentemente uma força militar. O oficialato sempre foi decisivo na evolução da força, até porque as praças passaram a ter algum protagonismo depois do advento da Constituição Federal de 1988, que reconheceu a sua cidadania como o direito de votar dos cabos e soldados.

Depois de 1950, se formou gradativamente dois grupos de oficiais: os conservadores, herdeiros dos “velhos” oficiais castilhistas que participaram das guerras insurrecionais do país, intentavam manter a corporação como um exército estadual aquartelado, portanto, tinham verdadeira aversão pelos serviços de policiamento e os modernizadores que lutavam para transformar a milícia em uma força policial, pois sabiam que esse era o único caminho para a Brigada Militar para evitar a sua extinção como havia sido aventado na Constituinte Estadual de 1947. Ficaram célebres alguns oficiais modernizadores tais como os coronéis Nilo Ferreira, Luiz Iponema, Jesus Linhares Guimarães, Clóvis Antônio Soares, sobretudo, o legendário Walter Peracchi de Barcellos, o grande mentor e criador dos “Pedro e Paulo” e do Regimento de Polícia Rural Montada, inspirado na Real Polícia Montada do Canadá, e cujos brigadianos ficaram celebrizados como “Abas-Largas”, em razão do chapéu semelhante adotado pela polícia canadense. A maior parte dos oficiais modernizadores realizou curso de polícia no estrangeiro. Jesus Linhares Guimarães, por exemplo, enquanto oficial intermediário, completou curso de métodos e processos policiais na Real Polícia Montada do Canadá em 1958.

Com essa base, os oficiais modernizadores construíram uma verdadeira doutrina de policiamento para ser empregado pelos destacamentos da Brigada Militar. Desta forma, em meados dos anos 1960, veio a lume os trabalhos do então capitão Luiz Iponema, em especial, o Manual de Instrução Policial Para os Destacamentos que criou um verdadeiro conjunto de regras, procedimentos e qualidades que o policial-militar deveria observar na execução do seu trabalho de policiamento. Estas deveriam estar assentadas em três atributos fundamentais inerentes ao policial militar: físicos, morais e intelectuais. O atributo físico praticamente define por si, a natureza do policiamento ostensivo é ser visto e percebido por todos, principalmente pelos delinqüentes. O aspecto ostensivo é permitido pelo uniforme destacado do policial militar, não é outra que a sensação de segurança sentida pela comunidade é transmitida pela ostensividade da farda. O segundo atributo é o moral do policial-militar que deve estar fundada em base sólida, uma vez, que ele sempre será referência e exemplo para a comunidade.

Nesse sentido, o policial militar deve ser sempre imparcial, tratar os cidadãos com urbanidade, ser firme, educado e respeitador, além de ser o máximo possível discreto nos procedimentos e os atributos intelectuais do policial militar destacado estão assentados em três requisitos: instrução básica, a capacidade de observação e o raciocínio que na verdade formam uma síntese dos anteriores, além do respeito aos preceitos legais, constitucionais e aos cidadãos de modo geral. Para tanto, o policial-militar na atividade ostensiva deveria ter as seguintes qualidades: ser honrado, educado, atencioso, polido, enérgico e apresentável. No policiamento ostensivo ele ao intervir em qualquer situação devia observar o máximo os seguintes: agir com moderação; usar na voz um tom de entonação enérgica, mas discreta; evitar do delinqüente cair no ridículo perante os demais; na seqüência cativar e impor respeito; agir sempre com firmeza e evitar sempre a violência e lembrar que as palavras e as atitudes são as melhores armas de que dispõe. Além desses requisitos o policial militar teve dispor de energia que não pode ser em excesso para não ser transformado em violência arbitrária, mas ele deve agir com firmeza e vigor no trabalho e cuidar da apresentação o que é peculiar nos serviços de policiamento ostensivo. Nesse sentido ele deve sempre ter cuidado com o asseio pessoal e com a boa apresentação no uniforme. Esses são alguns elementos que definiam a doutrina de polícia, construída pelos oficiais modernizadores, para ser empregado no serviço de policiamento ostensivo da Brigada Militar.

Como podemos ver, os oficiais modernizadores propunham, nessa doutrina, um policiamento, inteiramente voltado para a comunidade e antes da Constituição de 1988, defendiam que a Brigada Militar fosse uma Polícia de Segurança, cuja preocupação fundamental era a defesa e a segurança do cidadão. Pelo Decreto 17.915, de 2 de junho de 1966, é criado o 5º Batalhão de Polícia com sede em Três Passos, estendendo os serviços da corporação para toda a região noroeste do Estado. Esse batalhão – rebatizado em 1968 de 7º BPM – foi criado em razão da guerrilha do coronel Jefferson Cardim Osório e do sargento Alberi, que tomou a cidade em março de 1965, portanto, sendo essa unidade criada com finalidade mais estratégico-militar do que policial. Em decorrência do DL 317/67 e mais tarde do DL 667/69, as polícias militares do Brasil foram reordenadas, obtendo para tanto, como já vimos, da exclusividade do policiamento ostensivo nos entes federados, provocando outros órgãos policiais que executavam esse tipo de serviço, tais como a Guarda Civil da cidade de São Paulo – até então considerada a melhor polícia do Brasil, e também da Guarda Civil do Rio Grande do Sul entre outros. Em razão dessa reestruturação, todas as unidades das polícias militares do Brasil foram rebatizadas como Batalhão de Polícia Militar (BPM) no policiamento a pé e Regimento de Polícia Montada (RPMon) no policiamento montado. Toda a legislação atinente às polícias dos entes federados, principalmente, no tocante às polícias militares era decorrente de manter e assegurar o regime militar (1964-1985), daí a necessidade da fiscalização e supervisão da IGPM sobre elas.

Os DL 317/67 e o 667/69, marcam a ingerência da União – nessa época administrada pelo referido regime militar – de forma quase absoluta sobre as forças públicas dos Estados. O regime militar transformou, as polícias, incluindo as militares, em Polícias de Ordem, cujo objetivo não era a defesa do cidadão mas do Estado e da ordem política. Desta forma, a Brigada Militar, bem como as demais polícias militares, sob as diretrizes da IGPM, executou os serviços de policiamento ostensivo no Estado do Rio Grande do Sul, portanto, não mais sob a alçada dos delegados e do chefe de polícia civil e não mais como órgão de segurança, na concepção dos oficiais modernizadores até 1967, mas como polícia de ordem na defesa da ordem política vigente. O decorrer dos anos 1970 é marcado pela expansão da corporação pelo interior por todo o Estado, donde resulta a criação de várias unidades como o 8º BPM em Osório, o 10º BPM em Vacaria, o 12º BPM em Caxias, o 13º BPM em Erechim, o 14º BPM em São Luiz Gonzaga, o 15º BPM em Canoas, o 16º BPM em Cruz Alta e os 9º e 11º BPM em Porto Alegre, além do 17º BPM em Gravataí, o 18º em Viamão e assim por diante.

Cabe frisar que durante muito tempo a Brigada Militar foi uma corporação eminentemente estacionada na Capital e na parte sul do Estado, incluindo Santa Maria. A sua primeira unidade criada na parte norte do Estado foi o 3º Regimento de Cavalaria em Passo Fundo no ano de 1930 e a segunda unidade foi o 5º Batalhão Policial – rebatizado de 7º BPM – na cidade de Três Passos em 1966, portanto, quase quarenta anos depois. Por isso, a expansão da força nos anos 1970 foi, principalmente, para a parte norte do Estado como podemos ver acima.

O fim do regime militar em 1985, que provocou o enfraquecimento da IGPM, mas, sobretudo, com a promulgação da Constituição Federal em 1988, alterou significativamente os fundamentos do policiamento realizado pela Brigada Militar, que passou a ser orientada para se constituir uma polícia de segurança, voltada para a manutenção da segurança pública e na defesa do cidadão, embora ela ainda ela tenha ainda resquícios da época que era polícia de ordem. Nesse sentido, o artigo 144, da Constituição Federal significa um grande avanço na pavimentação desse caminho e legitima a afirmação da corporação militar gaúcha como uma polícia cidadã e democrática. Na atualidade, a Brigada Militar, além do Corpo de Bombeiros, tem incumbência de quatro tipos de atividades fins: o policiamento ostensivo a pé, montado ou motorizado que é executado pelos BPMs e pelos RPMons; o serviço de natureza fiscalizatória que basicamente é realizado pelo Batalhão Fazendário, pelo Batalhão Ambiental e outros; os serviços especiais que são realizados pelo Batalhão de Operações Especiais, hoje sediados em vários municípios e mais especificamente ainda pelo GATE. Ambos são acionados quando ocorrem distúrbios ou descontrole da ordem pública ou ainda quando da necessidade de ações especiais para solucionar uma crise como seqüestro, por exemplo. E o quarto tipo de atividade da força é o recente policiamento aéreo.

Nos últimos anos a corporação vem superando gradativamente a postura de polícia de ordem através de nova formação na sua academia, com disciplinas visando o respeito nos direitos humanos, na preservação da vida e das garantias da cidadania com base nos preceitos constitucionais de 1988. Os oficiais modernizadores, nos anos 1950 e 60, bem antes de se falar em cidadania e direitos humanos, já defendiam esses preceitos em outras palavras para os policiais militares destacados, visando a defesa das pessoas nas comunidades. Como podemos ver, o policiamento ostensivo da Brigada Militar, originalmente, criada como exército estadual em 1892, depois de 1950, dentro do processo de policialização da mesma passou por profunda transformação, primeiro sob o influxo dos oficiais modernizadores que elaboraram uma doutrina própria para os serviços de policiamento da corporação prevendo a conduta dos militares com respeito às pessoas da comunidade, sendo, portanto, uma polícia de segurança.

O regime militar, que administrava a União, baixou o DL 317/67 e, posteriormente, o DL 667/69, que determinaram a reorganização das polícias militares como forças de ordem dedicadas prioritariamente na defesa do Estado e das instituições vigentes, plasmando assim, uma tradição autoritária nas mesmas onde todos os suspeitos são antes de tudo inimigo da ordem posta. O policiamento ostensivo da Brigada Militar é redimensionado com o advento da Constituição de 1988, quando as forças estaduais são transformadas nominalmente em polícias de segurança, de modo que a doutrina dos modernizadores é recuperada por vias constitucionais, fazendo ela atuar como uma polícia cidadã e democrática.

Em modo de conclusão, embora tenham sido dado alguns passos antes, a policialização da Brigada Militar, ou seja, a sua transformação de exército estadual em força policial, passou por três fases distintas: a primeira começou em 1950 e se estendeu até 1967, com a publicação do DL 317/67, cujo período foi marcado pela criação do Batalhão “Pedro e Paulo”, do Regimento de Polícia Rural Montada sediado em Santa Maria (1955), da reorganização e rebatizamento das unidades da força com nova designação com nome de “batalhões de polícia” (1961) e, sobretudo, o trabalho intenso dos oficiais modernizadores na criação de uma doutrina de polícia que permitiu a corporação avançar com seus próprios desígnios nesse caminho; a segunda fase ocorreu entre 1967 e 1988, onde a Brigada Militar, bem como todas as polícias militares do Brasil, balizou o seu trabalho de policiamento nas diretrizes da Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), lastreada na concepção de polícia de ordem, cujo objetivo mais importante era defender o Estado e não a Sociedade e a terceira fase iniciada com a promulgação da Constituição Federal em 1988 e se estende até os dias de hoje, marcando a recuperação e reorganização da força gaúcha, como polícia de segurança, voltada para a preservação da vida humana e da cidadania, onde os próprios cabos e soldados são reconhecidos como cidadãos com aquisição do direito de votar nas eleições políticas e afirmação do profissionalismo na atividade policial-militar. Dessa forma, o policiamento ostensivo realizado pela milícia gaúcha, como estudamos acima, é uma atividade complexa e um dos elementos vitais da segurança pública no Estado do Rio Grande do Sul.

BIBLIOGRAFIA

IPONEMA, Luiz. Manual de Instrução Policial Para os Destacamentos. 2ª Ed. Porto Alegre: Livraria Sulina, 1965.

RÉQUIA, João Amado. Peracchi de Barcellos: O coronel PM do século. Porto Alegre: Pol Ost, 2000.



Romeu Karnikowski. Advogado


 http://abamf.com.br/abamf/2014/02/o-policiamento-ostensivo-da-brigada-militar/

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

ESCUTA

Museu da Brigada Militar

Fotografia referente ao 1º Regimento de Polícia Montada "Regimento Coronel Pillar" (1º RPMon). Está presente na fotografia Adão da Rosa Cardoso, data desconhecida.

AVIAÇÃO DA BRIGADA MILITAR

Museu da Brigada Militar
 

Campo de aviação da Brigada Militar em Gravataí, após a chegada do Tenente aviador do Exército Uruguaio, Sr. Medardo Farias. O Ten. Farias é o segundo da esquerda e ao seu lado está o Comandante Geral da Força Estadual, Cel. Claudino Nunes Pereira e Antônio di Pasca, Cônsul do Uruguai. Os demais integrantes da fotografia são desconhecidos. Fotografia tirada entre as décadas de 20 e 30.

SISTEMA DE DESPACHO DE VIATURA

Museu da Brigada Militar
 

No ano de 1982 entrou em operação o Sistema de Despacho de Patrulhas (SDP), um sistema informatizado fornecido pela PROCERGS para o despacho de viaturas da Brigada Militar visando o atendimento de ocorrências policiais recebidas através do fone de emergência 190. Em 2001 o setor do SDP passou a ser denominado Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP), concentrando em um único local o fone 190 e os despachos operacionais dos OPMs do CPC. Em 2007 passou a ser chamado de Sistema de Centros Integrados de Operações (Sisciosp).

Centro de Operações Policiais Militares (CopOM), fotografia tirada entre a década de 70 e 80.
Segundo contribuições do Cel. Itamar dos Santos Castro: "Lá no fundo trajando à civil o tenente Flávio, chefe do gabinete fotográfico. No telefone, sem cobertura o Tenente Suandaj Medina da turma de 1972. LPs entre o Copom e as Unidades. LP - linha privada. Não necessitava discar número nenhum, tirava-se do gancho e apertava-se a tecla.no meio do aparelho."