quarta-feira, 6 de março de 2013

BRIGADA AMBIENTAL

(Ronaldo Bernardi, Agência RBS)
ZERO HORA 06 de março de 2013 | N° 17363

AULA PRÁTICA

Dia de entrar na jaula para aprender lições ambientais. Em Viamão, futuros soldados da BM passam por treinamento em contato com animais apreendidos



Entre araras canindé e macau, tarrans e jabutis, um grupo com pouco mais de 30 alunos soldados da Brigada Militar manteve contato ontem com animais silvestres nativos e exóticos na Fazenda Quinta da Estância, em Viamão, na Região Metropolitana. Com formatura marcada para 20 de abril, junto a outros 2,5 mil aprovados no último concurso da BM, os futuros policiais viveram experiências variadas no treinamento, inclusive dentro de uma gaiola gigante.

Com 15 anos de experiência no Comando Ambiental, o tenente Sérgio Luís Barcellos, um dos professores do curso, organizou a visita para que 108 alunos tivessem contato com a realidade dos animais apreendidos. Para facilitar a logística, as visitas são realizadas em turmas de 30. Também ministrando a disciplina, o major Rodrigo Gonçalves dos Santos conduzirá uma turma de 60 alunos ao mesmo viveiro animal.

– Desde 2000, a matéria é comum a todos os soldados que ingressam na corporação, com visitas técnicas a diversos lugares. Em outros anos, fomos a aterros sanitários mostrar na prática a legislação que trata do tema – destaca Santos.

Os alunos estão cumprindo o terceiro e último ciclo do treinamento e capacitação ambiental. Segundo o tenente Barcellos, a grande maioria é de jovens com até 25 anos, do interior do Estado, e que nunca tiveram contato com a fauna desta forma.

Barcellos entende que, em visitas como esta, o soldado ainda em formação tem noção do quanto é prejudicial manter um animal silvestre em casa, hábito comum principalmente no Interior.

– A Quinta da Estância é parceira do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desde 1996. Reabilitamos animais apreendidos há quase 17 anos – explica o biólogo da fazenda, Thiago Monteiro.

Quando recuperados, explica Monteiro, os animais também são soltos, como foi o caso de um veado-virá, espécie nativa do Estado. Entre as espécies tratadas na fazenda estão a marreca-piadeira e o pato-selvagem, cuja caça é proibida, mas recorrente no Rio Grande do Sul.

A Brigada Militar também utiliza uma área de preservação ambiental em Barra do Ribeiro, onde realiza estágios de até três dias com algumas turmas em aprendizado.

Para a aluna Martina Casarotto, 24 anos, natural de Dona Francisca, município próximo a Santa Maria, a atividade é importante. A partir do fim de abril, ela será uma dos 2,5 mil novos soldados nas ruas – a maioria deve atuar na Região Metropolitana. Martina, que nunca tinha visto tantas aves juntas, ficou deslumbrada com a diversidade e surpresa com a experiência de ficar em uma gaiola, durante uma das etapas do aprendizado:

– Ficar no viveiro humano foi uma situação muito incômoda, mas essencial para compreendermos um pouco o que os animais sentem.

THIAGO TIEZE

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