Morre soldado ferido com a própria arma
PM havia sido baleado em luta com traficante em Porto Alegre, na quarta
ALINE CUSTÓDIO
Depois de dois dias lutando pela vida na UTI do Hospital São Lucas, da PUCRS, o soldado da Brigada Militar Marcelo Fogaça Rocha, 41 anos, não resistiu aos ferimentos do combate com um suspeito de envolvimento com o tráfico no bairro São José, em Porto Alegre. O policial militar será sepultado hoje, às 9h30min, no Cemitério João XXIII.
Na quarta-feira, o soldado do 19º Batalhão de Polícia Militar e um colega decidiram abordar um táxi, na Rua C, no Campo da Tuca, zona leste da Capital, onde estava um homem armado com um revólver calibre 38. O suspeito, Ivan Claudionor Lopes Simões, 32 anos, que já tinha sido atingido por dois tiros de policiais horas antes, desceu e lutou com Fogaça até que conseguiu pegar a arma – uma espingarda calibre 12 – e disparar contra o PM.
Apesar de estar utilizando colete à prova de balas, o PM foi atingido entre a virilha e o abdômen. O disparo atingiu justamente a parte desprotegida, próxima à virilha, rompendo artérias, intestino e órgãos internos. Simões, que já estava ferido, acabou preso pelos policiais. O soldado passou por cirurgia, mas não resistiu.
Segundo o presidente da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), soldado Leonel Lucas, é o primeiro caso em 2013 de morte de um policial militar em serviço no Estado. No ano passado, 11 PMs morreram no RS – seis em confronto e cinco em horário de folga. Em nota, a Abamf lamentou “que o ano de 2013 inicie com o registro do tombamento de mais um servidor militar que trabalha pela segurança da sociedade, mas é atingido pela violência que impera quase impune no Brasil”.
Casado e pai de um rapaz de 18 anos e de uma menina de 11 anos, o soldado Fogaça atuava no 19º BPM (imediações do Partenon) havia oito anos. Preso em flagrante, o suspeito do disparo tem antecedentes por tráfico.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Infelizmente, é mais um heróis que a Brigada Militar perde. Os gestores policiais precisam analisar bem este fato para instruir os policiais sobre as circunstâncias que levaram a esta consequência terrível para a família e para toda a corporação. Digo isto, porque tive uma experiência semelhante quando um dos meus policiais foi ferido com um tiro de fuzil na barriga por ter se aproximado indevidamente de um bandido já rendido e que lhe tomou a arma e a usou para desferir o tiro. Toda arma de fogo requer uma distância mínima para render um oponente, diferentemente de uma arma branca onde a aproximação é necessária. Com a palavra os técnicos na prática de tiro.